segunda-feira, 31 de março de 2008

A vigilância está lá fora: Big Brother Brasil


Na semana passada, enquanto assistia o depoimento da ex-BBB Fani Pacheco no evento Painel de Controle: vídeo e vigilância social, realizado recentemente no CCBB-Rio, me questionava sobre como poderia dialogar com essa fala que vinha de um lugar tão distinto do meu e dos demais participantes do evento, todos pesquisadores ou artistas. Tentava, primeiramente, um lugar de escuta que não fosse simplesmente o de uma pesquisadora ávida por dados empíricos encaixados em suas hipóteses; tentava manter uma escuta aberta o suficiente para que algo pudesse deslocar o meu próprio 'saber' sobre o BBB e seus participantes. Nessa tentativa, cheguei a um meio-caminho: nem grandes confirmações, nem grandes deslocamentos. Três elementos me chamaram a atenção nesse depoimento:
1. Era um depoimento e não havia outro lugar de fala suposto que não o da primeira pessoa. O termo "a minha vida pública" era usado com frequência, mas o seu único sentido era o da exposição midiática.
2. Revelador e significativo saber que o maior controle experimentado pelos internos no BBB não se dá pelas câmeras, mas sim pela voz do diretor do programa, que muitas vezes se dirige aos participantes de forma vociferante e em tom de ameaça. O controle da temperatura da casa também é minuciosamente manipulado, de modo a incitar maior exposição dos jogadores, especialmente quando estão debaixo do edredom. Desconhecia essa face oculta do BBB.
3. Quanto à vídeo-vigilância, Fani disse que embora as câmeras sejam onipresentes, a experiência dentro da casa não é opressiva, sendo a vídeo-vigilância quase esquecida. No entanto, "aqui fora", disse, "me sinto muito mais vigiada" pela mídia, fãs e paparazzi. No debate, eu disse a ela que o seu depoimento me lembrou o slogan da extinta série Arquivo X: "a verdade está lá fora". E que o slogan do BBB bem poderia ser "a vigilância está lá fora" ;-)

Nenhum comentário: