domingo, 30 de agosto de 2009

Dan Graham - Present Continuous Past(s)

Está acontecendo até outubro uma exposição sobre a obra de Dan Graham no WhitneyMuseum of Americam Art. Graham é um dos artistas contemporâneos mais interessantes para pensar visibilidade, vigilância e subjetividade.


Gosto particularmente da instalação Present Continuous Past(s) (1974), que consiste numa sala com 2 paredes espelhadas e uma parede com uma câmera de vigilância onde também se encontra um monitor que exibe a imagem capturada pela câmera com um delay de oito segundos.
O espectador, assim que entra na sala, percebe a sua imagem nos espelhos e também no monitor, que num primeiro momento assume uma função especular. Alguns minutos depois, percebe-se que a imagem projetada está ligeiramente “atrasada” em relação ao presente, frustrando a ‘expectativa’ ou a suposição da transmissão em tempo real da câmera-espelho. Essa fratura na temporalidade da imagem frente ao seu ‘referente’ cria também uma fratura na espacialidade da imagem e dos corpos presentes, dissociando o espaço da imagem projetada no monitor, o espaço dos corpos presentes e o espaço das imagens da sala reproduzidas em cascata nos espelhos. O espectador habita esse tempo e esse espaço fraturados e neles experimenta um feedback específico, distinto daquele que vigora na videovigilância habitual, e que se dá entre a imagem de seu passado recentíssimo e a sua ação presente, que logo se torna imagem ressurgida do passado afetando mais uma vez o presente-futuro e assim sucessivamente.
A instalação convoca assim uma experiência do tempo e do espaço, da imagem e do corpo, da percepção e da memória, da observação e da auto-observação, em que os efeitos psíquicos e subjetivos da videovigilância se tornam sensíveis, presentes, mas ao mesmo tempo deslocados de suas funções habituais.

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