segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2009


Este blog termina o ano com muitos posts não publicados, arquivados em estado de rascunho pela absoluta falta de tempo das últimas semanas. Falta que pressionou 2008 do início ao fim.
Para 2009, outro tempo, "em favor, eu espero, de um tempo por vir". A paráfrase dessa mais que repetida passagem é só um pretexto para ir mais longe no tempo e lembrar de sua infância, com Heráclito, num de seus fragmentos mais conhecidos:

"O tempo é uma criança, criando, jogando o jogo de pedras; vigência da criança".

Feliz 2009 a todos!!

"O vigor de cada dia é um" (Heráclito).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Composição nº 4 para circuito de vigilância


A Paola Barreto vem realizando uma série de "composições para circuito de vigilância" que, em suas palavras, são experimentações com circuito de vídeo e cinema ao vivo. Tive o prazer de assistir duas das suas composições e gosto especialmente das tensões entre a imagem em tempo real das câmeras de vigilância e as interferências sonoras, que oscilam entre diferidas, gravadas, ao vivo (fruto da parceria com o músico Dave Cole). Gosto também da posição "espectatorial" liminar em que somos colocados com a transposição do dispositivo CCTV para o dispositivo Cinema-performance. Vale a experiência e a quarta composição da série acontecerá neste domingo, dia 07 de dezembro, como parte da programação do DorkbotRio. No Circo Voador, das 19 às 22 horas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

MASP e vigilância


O novo sistema de vigilância do Museu de Arte de São Paulo/Masp conta com sensor de detecção de movimento e alterações na imagem, assegurando que os quadros permaneçam em seu lugar "devido" e que os visitantes (e possíveis ladrões) não se aproximem muito da obra. Qualquer movimento fora do padrão previsto pelos programas incorporados às câmeras de vigilância aciona mensagens de voz e alarmes. Além disso, as 96 câmeras do novo sistema de vigilância pretendem eliminar os pontos cegos e cobrir todo o espaço de museu e também parte do espaço público no seu entorno. As câmeras externas têm um zoom bastante potente, com aproximação de até 444 vezes, permitindo visualizar com nitidez e detalhes o que se passa nas proximidades do MASP tanto de dia quanto de noite (elas podem ver e registrar no escuro), esteja o vigia desperto ou dormindo (as câmeras são programadas a emitir avisos aos operadores de câmera). Tudo isso conforme a matéria no UOL Entretenimento (a sessão é sintomática ;-), onde há vídeos do sistema em funcionamento.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Vigilância, Segurança e Controle Social na America Latina

Estou co-organizando com os pesquisadores Rodrigo Firmino (PUC-PR), Marta Kanashiro (Unicamp), David Muramaki Wood (Newcastle University) e Nelson Botello (Universidad Autónoma del Estado de México) o Simpósio Interdisciplinar Vigilância, Segurança e Controle Social na América Latina: Passado, Presente e Futuro, a ser realizado no período de 04 a 06 de março de 2009 em Curitiba, na PUC-PR.

O Call for Papers está disponível no site do Simpósio e o prazo para o envio dos RESUMOS é 14 de dezembro e a inscrição é gratuita. Participem!

O evento conta com o apoio do Surveillance Studies Network e do Surveillance & Society e terá como conferencistas convidados o Prof. David Lyon (Queen's University, Ontario, Canadá) e o Prof.(Nelson Arteaga Botello, Universidad Autonoma del Estado, México), entre outros a confirmar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Simpósio ABCiber


Entre os dias 10 e 13 de novembro acontece o II Simpósio Nacional da ABCiber - Associação Brasileira de Cibercultura - que será realizado na PUC-São Paulo. No dia 11/11 farei uma conferência sobre "Vigilância, voyeurismo e contra-vigilância na cibercultura". No site do evento estão disponíveis a programação completa e outras informações sobre o Simpósio e a ABCiber.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Catalogue


Rodrigo Firmino mostrou, no evento sobre vigilância na PUC-PR, esse vídeo de Cris Oakley, que explora as conexões da vídeo-vigilância com os bancos de dados e a elaboração de perfis proativos. Catalogue:

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Câmeras na vitrine: Louis Vuitton


Vitrine da Louis Vuitton em Ipanema, Rio de Janeiro. A vigilância fashion na vitrine combina com o vergonhoso tapete vermelho natalino nas calçadas. O conjunto da obra merece uma contra-intervenção urbana. As fotos são da querida Paola Barreto (gracias!!!). Vamos ;-)?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Rosello - Cultura da insegurança


Acabo de assistir a um vídeo da ótima conferência da pesquisadora Mireille Rosello sobre "Culturas da (in) segurança" na Universidade de Montréal. Há muitos aspectos a comentar, mas recorro à brevidade dos tópicos por falta de tempo. Enumero algumas das hipóteses mais instigantes da sua fala e que complementam meu último post sobre o tema.
1. Não há como estar globalmente fora da cultura da insegurança; cabe portanto resistir taticamente por dentro.
2. É preciso questionar o pressuposto de que há razão para haver medo e escapar da escolha entre o medo dos vigiados e o medo dos vigilantes. Trata-se aí de uma falsa questão, que apenas toma posições ideológicas e busca decidir quem é mais perigoso (o suspeito ou o vigia), sem problematizar as bases da própria cultura da insegurança.
3. A câmera deve ser pensada como um "cidadão incivil", que nos impõe sentir medo ou nos arrepender de não ter tido medo antes. Ela cria o medo que supostamente deveria cessar e reitera, de modo performativo, o imaginário do pior, a premediação (Gursin) da catástrofe futura.
4. É preciso colocar em questão o pressuposto de que a insegurança é um sentimento indesejável que deve ser banido. Trata-se de historicizar essa negatividade e reivindicar uma subjetividade que se sabe e se aceita vulnerável. Essa vulnerabilidade seria parte de nossa condição propriamente humana, que estaria na base da sociabilidade e que constitui uma experiência comum e solidária, diferentemente da cultura da insegurança, que está fundada no medo do outro. Cabe pensar a vulnerabilidade como uma das faces da insegurança, no lugar de fazer da primeira um afeto individual e da segunda uma realidade social.

Scanners corporais em aeroportos


A instalação de scanners corporais em aeroportos é objeto de discussão na Europa, que se divide entre a retórica securitária anti-terrorismo e a proteção da dignidade e da liverdade individual. Segundo matéria do Le Pays, há também uma preocupação com a dimensão voyeurística do dispositivo, que recai sobre os policiais.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Cidade ampliada, tecnologias infiltradas

Na próxima semana estarei participando do evento Cidade ampliada, tecnologias infiltradas: vigilância e controle na sociedade contemporânea na PUC-PR em Curitiba. O evento acontece nos dias 28 e 29 de outubro de 2008, com entrada franca. A programação completa está no link acima e no cartaz abaixo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O show do eu


Os estudos e pesquisas sobre as práticas de exposição da intimidade nas novas mídias são presenteados com esse belo ensaio da Paula Sibilia - O show do eu: a intimidade como espetáculo - que será lançado amanhã, quinta, 23 de outubro, na Livraria da Travessa de Ipanema, Rio. Tive o prazer de participar da banca de tese de doutorado da Paula, que é a matriz deste livro que trata das narrativas do eu nos ambientes midiáticos atuais, das novas formas de autoria, da espetacularização da intimidade e da solidão do indivíduo contemporâneo. Tudo isso salpicado de ótimos diálogos com a literatura, em escrita do melhor estilo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Recife e câmeras sem efeito

Ainda sobre vídeo-vigilância, agora no Brasil, matéria do Diário de Pernambuco mostra que em Recife as câmeras instaladas nas ruas do centro não alteraram a rotina de furtos e tráfico de drogas (via Carnet, again). A matéria se diferencia um pouco do que vem sendo o lugar comum do discurso jornalístico nesse domínio. Tenho acompanhado as matérias sobre câmeras de vigilância na imprensa brasileira e poucas fazem uma avaliação interessante ou ao menos ponderada dos sistemas de vídeo-vigilância. De modo geral, sobretudo nos últimos meses de campanha eleitoral, o jornalismo da grande mídia vem anunciando a instalação de câmeras como uma medida extremamente satisfatória na redução de crimes. Não raro, fala-se em reduções de 40 e 50%. O fato é que ainda não há dados e estudos confiáveis sobre essa questão no Brasil, mais tais números, até onde eu sei, não encontram equivalente em nenhum outro país ocidental, nem mesmo nos mais repletos de vídeo-vigilância. Mesmo o chamado "modelo Bogotá" de redução da criminalidade não estabelece uma relação direta entre o uso de câmeras e a redução de crimes.

Paris e vídeo-vigilância


Dica da amiga Paula Sibilia (gracias!), matéria do Libération sobre o projeto da prefeitura "1000 câmeras para Paris" (1000 caméras por Paris), que quadruplica o número de câmeras em vias públicas na cidade. Segundo a matéria, a prefeitura tem a preocupação de se diferenciar do projeto londrino, adotando medidas que garantam o respeito às liberdades individuais: comitê de ética, "borragem" das imagens que capturem entradas de imóveis, limite de 30 dias para arquivo das imagens, possibilidade de os cidadãos consultarem as imagens que lhe concernem. A retórica global da segurança pós 11 de setembro torna a vídeo-vigilância uma espécie de utilidade pública cada vez mais "necessária". Ainda segundo o Libé, os movimentos anti-vigilância questionam se um tal projeto faz sentido, dado que Paris seria uma das grandes cidades mais seguras do mundo. Apontam, ainda, que esta expansão implica uma deriva securitária difícil de ser contida posteriormente.

Off Topic - Pathos


Para além das urgências contemporâneas da vigilância e da visibilidade, e para quem está no Rio de Janeiro, o Simpósio Pathos: a poética das emoções, organizado por Fernando Santoro (IFCS/UFRJ) e Henrique Cairus (Letras/UFRJ) trata de outros tempos e outros afetos, tão mais antigos quanto diversos. O evento começa hoje e acontece no IFCS/UFRJ (Largo de São Francisco, Centro). Entre os conferencistas convidados, Barbara Cassin (Université de Paris IV - CNRS), Catherine Collobert (University of Ottawa), David Konstan (University of Brown), Elizabeth Belfiore (University of Minnesota), Malcolm Heath (University of Leeds), Pierre Destrée (Université Catholique de Louvain), Stephen Halliwell (University of St. Andrews), Stephen Leighton (Queens's University). Os temas: paixões, suspense, cólera, música, ira, prazeres, poética, palavra, entre outros. A programação completa do evento está aqui.

domingo, 19 de outubro de 2008

CCTV Report


Cartaz do Setor de Transportes de Londres

Mais um relatório britânico (Home Office Research) mostra a ineficiência do uso de câmeras de vigilância (mais especificamente de Circuitos Fechados de TV/CFTV ou CCTV em inglês) na redução de crimes (via Carnet de Notes). Como de costume em boa parte dos relatórios governamentais, a ineficácia do dispositivo de vigilância/segurança não é suficiente para colocá-lo em questão. Atribui-se a ineficácia ao mau uso do dispositivo ou a um excesso de expectativas, ou ainda a uma dificuldade, exterior ao dispositivo, de se mensurar um fenômeno complexo como a redução de crimes. Selecionei alguns extratos das conclusões e projeções que ilustram essa perspectiva:

"Seria fácil concluir a partir das informações apresentadas neste relatório que o CFTV não é eficaz: a maioria dos sistemas avaliados não reduziram a criminalidade e mesmo onde houve uma redução isso não foi principalmente devido ao CFTV; nem sistemas de CFTV fizeram as pessoas se sentirem mais seguras e muito menos mudaram seu comportamento. Isso, no entanto, seria uma conclusão muito simplista, e por várias razões (...) O fracasso em atingir os objectivos de prevenção da criminalidade foi sem dúvida menos um fracasso do CFTV como medida de prevenção do crime do que da forma como foi gerido. (...) Finalmente, embora o público em sua maior parte não tenha se sentido mais seguro, e apesar de perceberem o CFTV como menos eficaz do que se pensava inicialmente, ele ainda era predominantemente a favor de seu uso. (...) Não deve ser esperado muito do CCTV. Ele é mais do que apenas uma solução técnica, ele exige a intervenção humana para funcionar com a máxima eficiência e os problemas que ajuda a resolver são complexos. Ele tem potencial, se bem gerido, frequentemente ao lado de outras medidas, e em resposta a problemas específicos, para ajudar a reduzir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança pública, podendo gerar outros benefícios".

Diferentemente de outros relatórios, como os elaborados pelo Urban Eye (2004) e o Surveillance Studies Network (2006), este procura reafirmar, malgrado os dados produzidos pela própria pesquisa, a utilidade potencial das câmeras de vigilância para a segurança. Outros elementos do relatório que são dignos de nota:
- na avaliação da relação vigilância/segurança, a pesquisa não leva em conta apenas as ocorrências criminais, mas também o sentimento de insegurança. As câmeras não têm sucesso efetivo em nenhum dos casos, mas é menos ineficiente na redução do sentimento de insegurança, o que permite entender o empenho dos governantes na ampliação dos sistemas de CFTV;
- ainda sobre o sentimento de insegurança, ele é maior entre aqueles que são conscientes da presença das câmeras do que entre aqueles que não o são, e tal consciência não diminui a sensação de insegurança.
- curioso notar que em alguns casos há aumento de ocorrências criminais nas áreas monitoradas, embora o relatório afirme não haver relação direta entre uma coisa e outra.
- nas projeções para o futuro e o "bom uso" da videovigilância, sugere-se um maior investimento na biometria e nos softwares de análise "inteligente" das imagens de vigilância.

O que não é posto em questão no relatório e em boa parte das políticas públicas de videovigilância:
- o nexo entre segurança e vigilância não é evidente nem necessário. Ou seja, nem a vigilância garante a segurança nem esta legitima necessariamente aquela, uma vez que os sentidos e as experiências possíveis da segurança ultrapassam em muito as práticas de vigilância;
- não é suficiente e pode ser mesmo falacioso avaliar as implicações sociais da videovigilância em termos de eficiência na redução de crimes. O mais importante a ser visto aí não é o fato de as câmeras serem ineficientes naquilo a que se propõem, mas o fato de a eficiência não poder ser o critério que justifica ou legitima a videovigilância. O foco na eficiência deixa fora do campo de reflexão os princípios que governam a videovigilância e suas implicações éticas, políticas, sociais e subjetivas.
- é preciso quebrar a lógica policial e recursiva presente no discurso da eficiência\ineficiência. Como já afirmei em outros posts, essa lógica não admite outra saída além daquela que reafirma a necessidade e a ampliação dos dispositivos de vigilância. Se a questão é a eficiência e o dispositivo não funciona, é porque ele ainda não é suficientemente bem utilizado ou porque ainda é preciso incrementar as suas condições técnicas. Nesta equação policial, quanto menos eficiência, mais vigilância é requerida - seja na forma de um melhor uso, seja na forma de aperfeiçoamentos técnicos.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Freedom not Fear Day


Amanhã, dia 11 de outubro de 2008, é o dia internacional do movimento Fear not Freedom, que reúne uma série de grupos de ativistas contra a vigilância excessiva por parte de governos e corporações. Haverá manifestações em diversas cidades do mundo, mas infelizmente nada no Brasil. Abaixo, parte do texto do movimento e, no link, a programação pelo mundo.

"A broad movement of campaigners and organizations is calling on everybody to join action against excessive surveillance by governments and businesses. On 11 October 2008, concerned people in many countries will take to the streets, the motto being "Freedom not fear 2008". Peaceful and creative action, from protest marches to parties, will take place in many capital cities.
...
Surveillance, distrust and fear are gradually transforming our society into one of uncritical consumers who have "nothing to hide" and - in a vain attempt to achieve total security - are prepared to give up their freedoms. We do not want to live in such a society!
We believe the respect for our privacy to be an important part of our human dignity. A free and open society cannot exist without unconditionally private spaces and communications.
The increasing electronic registration and surveillance of the entire population does not make us any safer from crime, costs millions of Euros and puts the privacy of innocent citizens at risk. Under the reign of fear and blind actionism, targeted and sustained security measures fall by the wayside, as well as tackling peoples' actual daily problems such as unemployment and poverty.
In order to protest against security mania and excessive surveillance we will take to the streets in capital cities in many countries on 11 October 2008. We call on everybody to join our peaceful protest. Politicians are to see that we are willing to take to the streets for the protection of our liberties!
You can find the latest information on the protest marches and the list of participating cities at our website: http://wiki.vorratsdatenspeicherung.de/Freedom_Not_Fear_2008."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Data-mining report

Relatório oficial elaborado por cientistas e pesquisadores de instituições como MIT, Google, Stanford University, entre outras, mostra as falhas do uso do data-mining para identificar terroristas preventivamente. Uma mostra recente dessas falhas se deu na Polícia de Maryland, que classificou 53 ativistas não violentos como terroristas (via Slashdot). Sobre o relatório, detalhes no Boing Boing.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Didi-Huberman: espetáculo, dor e histeria


Robert-Fleury, Pinel délivrant les folles de la Salpêtrière, 1795
"Je tente, au fond, de rouvir cette question: qu'aura pu signifier le mot "spectacle" dans l'expression "spectacle de la douleur"? C'est une infernale question, je crois, aiguë, stridente, intimement.
Ainsi, comment dans notre approche des oeuvres, des images, un rapport à la douleur se trouve-t-il como déjà projeté? [...]
Je n'aurait pu finalement que nommer douleur cet événement, l'hystérie. Et dans le passage même de son terrible attrait (et c'est là que s'ouvrait d'abord la question).
J'interroge ce paradoxe d'atrocité: l'hystérie fut, à tous moments de son histoire, une douleur mise en contrainte d'être inventée, comme spactacle et comme image; elle allait jusqu'à s'inventer elle-même (sa contrainte était son essence) lorsque faiblissait le talent des fabricateurs patentés de l'Hystérie. une invention: un événement des signifiants. Mais dans lévénement même des douleurs, des trop évidentes douleurs hystériques, je voudrais parler du sens de leur extême visibilité".
Trechos da abertura do livro Invention de L'Hystérie, de Georges Didi-Humerman (Paris: Macula, 1982)
Noutra ocasião, postei aqui sobre esse belíssimo livro.

domingo, 14 de setembro de 2008

Self Surveillance


A modernidade nos ensinou que a auto-vigilância é uma das formas de interiorização da lei, da norma ou do olhar do Outro; nessa medida e sentido confunde-se com a própria constituição da subjetividade moderna, mais especificamente da consciência moral, do superego.
A atualidade inventa uma outra modalidade de auto-vigilância, que não anula a anterior, mas é de outra "natureza". O Fitbit é um dos exemplos de uma outra auto-vigilância, que é tecnicamente assistida e em vez de ter o peso da consciência, cabe na palma da mão ou no bolso. Seu objeto não são desejos e pensamentos, mas sobretudo a performance corporal. Já postei sobre outras engenhocas do gênero, que poderia ser incluído na categoria de "personal health monitoring". O Fitbit monitora os movimentos do seu usuário 24 horas por dia, registra e relata seus passos, distâncias percorridas, gastos calóricos e a qualidade do seu sono. Tais relatórios podem ser transferidos para a Internet e monitorados pelo próprio usuário ou por seus amigos e familiares, uma vez que o Fitbit permite a criação de uma rede social, introduzindo o olhar do outro no jogo (via Technology Review).

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fausto


"FAUST: By spying, your all-knowing wit is warmed?
MEPHISTOPHELES: Omniscient? No, not I; but well-informed".
Goethe, Fausto

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Rastreadores pessoais portáteis


Adaptações do GPS para o rastreamento personalizado constituem uma das "novidades" no mercado brasileiro da segurança pessoal, onde recebe o nome de rastreador pessoal portátil ou localizador pessoal portátil. Alguns desses, como o GPS com Chipset SiRF Star III da Rota Segurança/Plastimon, não apenas permitem a localização instantânea de seus usuários mesmo em lugares fechados, como têm uma série de outras funções, como envio de mensagens pré-programadas de emergência, ou a função "parking", voltada ao monitoramento de veículos e que envia mensagem SMS para o celular do usuário no caso de movimentação do veículo. Além disso, o monitoramento do aparelho/pessoa pode ser feito pela Internet e vem sendo direcionado para homens e mulheres que desejam ser rastreados como para crianças, doentes, animais e bens de estimação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Medo e espetáculo


London, Metro

"The Passion to be reckoned upon, is Fear" (Hobbes, Leviathan)
No último post mencionei a relação entre espectáulco e medo, retomada por Jonathan Crary do Império (Record, 2001) de Negri e Hardt. Voltei a este livro em busca das passagens que tratam disso e compartilho aqui, com grifo meu:
"A sociedade do espetáculo governa com uma arma antiquíssima. Hobbes reconheceu há muito tempo que, para a dominação efetiva, "a Paixão a ser examinada é o Medo". Para Hobbes, é o medo que une e assegura a ordem social, e ainda hoje o medo é o mecanismo principal que enche a sociedade do espetáculo. Embora o espetáculo pareça funcionar por meio do desejo e do prazer (o desejo de mercadorias e o prazer do consumo), ele realmente funciona pela comunicação do medo - ou ainda, o espetáculo cria formas de desejo e prazer intimamente casadas ao medo" (p. 344).
"O que está por trás das diversas políticas das novas segmentações é uma política de comunicação. Como argumentamos antes, o conteúdo fundamental das informações que as enormes empresas de comunicação apresentam é o medo. O constante medo da pobreza e a ansiedade sobre o futuro são as chaves para criar entre os pobres uma disputa pelo trabalho e manter o conflito no proletariado imperial. O medo é a garantia definitiva das novas segmentações" (p. 360)

A frase em grifo é fundamental para se entender as ambiguidades das novas formas de vigilância na atualidade e suas relações com o desejo e o prazer. Tais ambiguidades podem sempre ser apropriadas pelo controle, como inscreve cinicamente o selo "Sorria, você está sendo filmado". Mas são essas mesmas ambiguidades que constituem, contudo, o território instável e intersticial de onde podem emergir as resistências e criações possíveis.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Conjurations of Security

Acabo de ler um pequeno artigo do Jonathan Crary sobre segurança e violência na América após o atentado de 11 de setembro de 2001 ("Conjurations of Security". Interventions, vol 6(3), 2004). Ressalto dois argumentos que me interessaram especialmente, uma vez que incrementam as pistas para o meu empenho em pensar conjuntamente os circuitos do espetáculo, do entretenimento, do voyeurismo e do prazer e os circuitos do controle e da vigilância. O primeiro argumento é mais amplo e emprestado do Negri e do Hardt: no Império, o espetáculo não funciona apenas pelo desejo de mercadorias e o prazer do consumo, mas principalmente pela comunicação do medo. O segundo argumento, mais específico e muito oportuno, mostra o quanto há de aparência e denegação no caráter exterior, estrangeiro e bárbaro que os Estados Unidos atribuem aos ataques suicidas. Crary chama a atenção para a inconfessa proximidade entre estes e os assassinos suicidas norte-americanos e seus homicídios em massa que se tornaram especialmente recorrentes a partir dos anos 1980. Diferentemente dos primeiros, tais ataques suicidas domésticos, diz Crary, são "tolerados como um fenômeno aberrante e inexplicável". Prossegue: "But it is the monsters from elsewhere, from outside that we are told to fear most".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Reality Family Show


Reality shows expondo a vida e os conflitos familiares já são lugar comum na televisão mundial ocidental. O que me chamou atenção nessa nova série de reality shows em que famílias serão filmadas por 21 câmeras (assitidas de 16 microfones) em suas casas ao longo de quatro meses é o tom "científico-assistencialista" do programa que será exibido no Channel 4. Paralelamente ao reality "The family", o canal exibe uma série de enquetes e pesquisas com dados estatísticos sobre o estado da família contemporânea na Inglaterra. O programa é categorizado pelo canal como documentário e não como reality show. Uma composição de vídeo-vigilância, espetáculo e laboratório sócio-comportamental que vem se tornando comum em diversos setores.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

São Paulo, Metrô e Vigilância


O Metrô de São Paulo terá câmeras de vigilância no interior dos vagões. A previsão é que até o final de 2009 todos os vagões da Linha 2-Verde sejam monitorados. Até 2014, todos os veículos das Linhas 1-Azul e 3-Vermelha também terão sistemas de vídeo-vigilância (Via Portal do governo de SP). Além do interior dos vagões, as estações de metrô de São Paulo já contam com 860 câmeras que monitoram 55 estações. Em todo o mundo, o controle da mobilidade urbana tem como um de seus instrumentos privilegiados a vídeo-vigilância em transportes públicos. Ainda em São Paulo, todos os trens metropolitanos de três linhas da CPTM também serão monitorados por câmeras.

domingo, 31 de agosto de 2008

iPhone and Mobile Surveillance


Mais um gadget no ramo da mobile surveillance. Dica da Paola, em comentário ao post anterior: aplicativo para iPhone permite controle de câmeras de vigilância à distância. Mais detalhes no blog da Lextech e em vídeo no YouTube.

GPS, celulares e redes de vigilância sem fio


É patente a ampliação dos investimentos em sistemas de vigilância no Brasil tanto no setor público quanto privado e as empresas não cessam de lançar produtos e "novidades" ainda inéditas aqui, mas já familiares em diversos países. A empresa Veotex lança no Brasil dois novos meios de monitoramento, ambos via celular. O primeiro é um GPS que transmite imagens em tempo real do carro monitorado através da rede de telefonia celular. Câmeras instaladas no carro enviam as imagens pelo chip de celular. Um vídeo no YouTube apresenta o funcionamento do GPS. O outro produto é voltado para o monitoramento de vias públicas através de redes sem fio e a novidade é a transmissão das imagens das câmeras pelo telefone celular. O mesmo sistema prevê a instalação de câmeras de monitoramento urbano em carros, permitindo assim um monitoramento ou vigilância móvel da mobilidade urbana (via O debate).

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Educação e Vigilância

Mais uma escola brasileira investe em sistemas de vídeo-vigilância para monitorar alunos e garantir a preservação de equipamentos. Nas escolas estaduais de Foz do Iguaçu, os próprios pais não apenas autorizam como ajudam a pagar a instalação de câmeras de vigilância. Lamentável. Via G1.

sábado, 23 de agosto de 2008

Eyes

Imagens da sessão "Eyes" da exposição “Wunderkammer: A Century of Curiosities”, no MoMA.

John Bock, 2002/MoMA


Rodolfo Abularach, Ojo Enigmatico I, 1969/MoMA


Man Ray, Indestructible Object (or Object to Be Destroyed), 1964, MoMa


Odilon Redon, L'Oeuf, 1885/MoMA

Magritte


René Magritte, Les Amants

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

BMW Security


Última versão de segurança máxima do BMW (X5 Security), blindado de fábrica e com inúmeros sistemas de proteção a balas e outras ameaças do pobre mundo, inclui câmeras de vigilância nos pára-choques dianteiro (duas) e traseiro (uma), permitindo ao motorista monitorar o que acontece do lado de fora do seu automóvel-bunker.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vigilância robótica em Pequim


O imenso e variado aparato de vigilância montado para os Jogos Olímpicos de Pequim conta com o auxílio de 16 robôs vigilantes, programados para inspecionar as zonas de acesso interditado e prevenir as autoridades em caso de invasão dos territórios proibidos (via Innovation). Os autômatos são fabricados pela Robowatch Technologies e para quem gosta de robôs e/ou de vigilância, vale uma visita ao site.

sábado, 16 de agosto de 2008

Cartografia e vigilância (1)


Mapamundi, Battista Agnese,Veneza, 1540

Tenho pesquisado sobre as relações entre a cartografia e a vigilância, que são tão antigas quanto variadas. No âmbito visual, os mapas (especialmente aqueles que se inserem na tradição das Imago Mundi) encarnam uma perspectiva de sobrevôo, cara ao olhar vigilante e suas múltiplas figuras míticas ou históricas. Olho de Deus, Ícaro, pássaro, esta visão cartográfica é suficientemente distante e alta para abarcar uma 'totalidade' qualquer, sendo 'pan-optica' por excelência. Não por acaso, os mapas são decisivos na arte da guerra e das conquistas territoriais, demarcando e materializando fronteiras. A partir do século XVII, essa visão cartográfica é inclusive associada à "perspectiva militar ou cavalière" (Comar, 1992), designando um olhar global a partir do qual a ordem é lisível em detalhe e onde a invisibilidade do todo se inscreve na visibilidade do plano.
O mapa e a perspectiva cartográfica como dispositivos de controle e vigilância do território não se restringem, contudo, ao domínio visual, sendo importantes imagens da razão científica moderna e sua ordem representacional, ainda que de forma menos direta. Em tal ordem, a visão-idéia clara e distinta do mundo é tributária de um olho cognoscente que se coloca à distância e em sobrevôo (como diz Husserl a propósito da razão cartesiana). Segundo essa perspectiva, a verdade do mundo só é visível pela representação, mais clara no plano cartográfico do que nas dobras e confusões do corpo a corpo com o mundo. A racionalidade científica moderna confunde-se com a racionalidade cartográfica, como nos mostram o Astrônomo e o Geógrafo de Vermeer. Além disso, a projeção cartográfica, o mapa convencional, simula uma perspectiva apreendida ao mesmo tempo de todos os ângulos e de lugar nenhum, fazendo o pan-optico e o sinóptico conviverem, representando uma ordem supostamente neutra segundo a qual o mundo se oferece como um objeto estável de conhecimento, supervisão, inspeção, controle, domínio.

Geógrafo, Vermeer, 1668
As linhagens etimológicas também cruzam o ato de vigiar à produção de mapas, especialmente explícito na palavra "survey", que vem do latim supervidere (super-visão) e que a partir do século XVI passa a significar também o ato de produzir mapas. Essa descoberta eu devo a um post do André Lemos (que aliás tem escrito e exercitado ótimas coisas sobre mapas); diz ele:
"Lendo sobre mapas e cartografias (ver, por exemplo, "The World Through Maps, A History of Cartography", de John Short), é comum ver associado o ato de produzir mapas com "surveying", que está diretamente ligado a "surveillance", ou seja, mapas como representação de um determinado olhar. Como explica Short, "survey began to mean a mapping exercice"... "Survey" em português tem o sentido de "relatório", "enquete", "exame"... Trata-se, mais precisamente, de uma forma de "olhar atenciosamente para algo" ou de "examinar dados de áreas" ou "construir mapas".

Por fim, uma agradável descoberta que ainda preciso checar com mais calma e cuidado, mas que já vale ser mencionada, embora não toque no tema da vigilância. Ao que parece, vem da nossa língua portuguesa a palavra cartografia (que reúne o latim charta (folha de papel) e o grego graphein (escrever, pintar, desenhar), e surge tardiamente no século XIX. Segundo Beatriz Bueno (2004), o neologismo teria sido inventado pelo historiador português Manoel Francisco de Barros e Sousa (1791-1865), II visconde de Santarém, e redigido numa carta de 8 de dezembro de 1839 endereçada ao historiador brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen, em que diz – ‘invento esta palavra, já que aí se tem inventado tantas’”. (Ávila, 1993, p. 110 apud Bueno, 2004).

Brasil, Miller Atlas, 1519

Referências:
Comar, P. La perspective en jeu. Paris: Découvertes-Gallimard, 1992
Buci-Glucksmann, C. L'oeil cartographique de l'art. Paris: Galilée, 1996.
Bueno, B. P. S. "Decifrando mapas: sobre o conceito de "território" e suas relações com a cartografia" in Anais do Museu Paulista, USP, n. 12, 2004.
Short, J. S. The World Through Maps: A History of Cartography. Firefly Books, 2003.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

12 seconds: video microblogging


Seguindo o sucesso dos microblogs (twitter, jaiku etc) - o cotidiano constantemente publicizado em 140 caracteres por mensagem - surge o 12seconds.tv, um microblog em vídeos de 12 segundos, como diz o nome. Vejam matéria da Tecnhnology Review sobre o novo serviço.

Monitoramento na rede


Matéria do LATimes trata de monitoramento do comportamento de usuários pela Google. A novidade é que esse monitoramento não se retringe aos movimentos no interior dos serviços Google, mas se estende aos "sites afiliados" (obrigada Marcelo!).

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sat.land


Uma das vias contemporâneas de reordenação do visível reside em nosso acesso cada vez mais corrente a imagens de satélite a partir de dispositivos como GPS, Google Earth e diversos GIS (geographic information systems). Tais imagens nos colocam numa perspectiva de sobrevôo antes restrita a deuses, máquinas ou experts do ramo científico ou militar. Ao mesmo tempo, tais imagens nos chegam a partir de um olho satélite em larga escala invisível, constituindo jogos diferenciados entre visibilidade e invisibilidade. Nesses jogos há uma série de aspectos estéticos, políticos, militares e cognitivos a serem explorados.
Lendo sobre essas questões, descubro o filme sat.land (10:40 min, 35mm), de Martin Heckmann. Abaixo, uma entrevista com o realizador do filme:

Interview by Michal Hoge for
www.defekt.cz January 2008
How did you strike concept or idea about sat.land film?
It was during the second gulf war, that more and more satellite images appeared in the media. Mainly from weapon facilities in Iraq or disaster areas after the tsunami. I was fascinated by the nature of these images: they are abstract in one way and documents of reality in another way.
The perspective is sublime. Like “god contemplating his work”, and also like a child’s view on a sandbox. And I was alienated about myself: to look from an aesthetic point of view on these documents of suffering. So I decided to work something out that reflects these different layers of
reception.

Was it difficult for you to get the satellites shots?
The images in the beginning of the movie are from NASA’s Landsat and they completely free to download for everyone: http://landcover.org The resolution is 1px=30m, so you won’t see any cars or smaller buildings. The images later in the movie (from villages and cityscapes) are commercial (=expensive) high resolution images from the Quickbird satellite. The resolution is 1px=0,6m. I worked out an agreement with the company distributing those pictures in Germany. They received other satellite image animations from me for their presentations at fairs.

How often do you use animation in the sat.land film?
The whole film is animated. There is a base layer of images from different parts of the world, stitched together and then animated to one seamless flight. As soon as villages and roads appear I animated cars on the roads and some airplanes in the air.

Why did you choose these concrete locations?
Because they are connected by the “war against terror” anyway. And the place where the satellite crashes is the house of my parents in a suburb of Hamburg. So the big world out there is connected with my small world also!

Can you say something about the sound scape in this film?
The Belgian musician Yves De Mey did the sound for this film. http://eavsilence.blogspot.com It is done in Dolby Digital Surround and Yves derived most of the complex electronic sounds from some simple guitar chords. The idea was to have an atmosphere where you can’t say of which
origin the sounds are. And to develop the sound like the film does: from very pure and simple desert landscapes to complex and chaotic city structures. Until the crash.

Do you think that there is the danger at this time of Orwell / Big Brother is still watching you?
I must admit: I am ambivalent in this matter. On one hand I see the dangers of surveillance and
the technical evolution in general but on the other hand I do love machines! And I like satellite images...But as the satellite crashes at the end of sat.land movie, I believe that all those machines are always imperfect. We love and we fear the idea of perfection but we won’t get there. Ikarus never reaches the sun but crashes in the end.
(The reprint of this interview appears
with kind permission of defekt.cz)

Estéticas da suspeita



Recentemente, na entrada de um centro empresarial do Rio de Janeiro, fui surpreendida pelo procedimento de segurança do local, que além das habituais checagens de documentos e fotografias dos rostos dos clientes, expunha tais fotos num monitor situado logo após as roletas eletrônicas. A sensação imediata é a de estar vendo retratos de procurados ou de desaparecidos, o que confere ao lugar uma atmosfera policial. Os sistemas de segurança e vigilância que investem em práticas de suspeição generalizada criam também as suas estéticas da suspeita.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Golden Shield da China, por Naomi Klein


Artigo de Naomi Klein sobre o estado de vigilância na China, segundo ela, o totalitarismo 2.o:

"Com a ajuda de empresas norte-americanas, a China está construindo o protótipo do totalitarismo high-tech para exportação. ... Nos próximos três anos, executivos de segurança da China prevêem que 2 milhões de CCTVs serão instaladas em Shenzhen, tornando-a a cidade mais vigiada do mundo (maníaca por segurança, Londres tem apenas meio milhão de câmeras de segurança).
As câmeras formam apenas uma parte de um programa muito mais amplo de vigilância e censura conhecido na China como “Escudo Dourado” (Golden Shield). O objetivo é usar o que há de mais moderno em tecnologia de rastreamento pessoal – fortemente abastecida pelas gigantes americanas IBM, Honeywell e General Electric – a fim de criar uma espécie de casulo consumidor cuidadosamente selado: um lugar onde cartões Visa, tênis Adidas, celulares da China Mobile, Mc Lanches Feliz, cerveja Tsingtao possam ser aproveitados sob o sempre vigilante olho do Estado, sem a ameaça da democracia."