segunda-feira, 13 de abril de 2015

Estéticas da Vigilância: arte, tecnologia e política

 

                             Trevor Paglen, Untitled (Reaper Drone), 2010.

Amanhã, na Universidade de Buenos Aires (Faculdade de Ciências Sociais), retomo numa conferência um tema que persigo há alguns anos: Estéticas da Vigilância: arte, tecnologia e política. Coordenadas aqui.

RESUMO:
Que estéticas da vigilância podem emergir quando o objeto do olhar vigilante se torna simultaneamente gigantesco e vestigial? Uma parte expressiva das tecnologias de vigilância hoje alimentam-se dos rastros de nossas ações no espaço informacional ou dos rastros de nossos corpos deixados nas câmeras, sensores, radares e aparatos similares de captura de nossa imagem ou de nossa presença. Esses rastros e vestígios são capturados em imensas escalas, gerando arquivos de grandezas inéditas, da ordem de zetabytes de dados. Como ler, ver, analisar e controlar esse volume de rastros, os quais ultrapassam as capacidades humanas de apreensão sensorial e cognitiva? Como vigiar um “hiper-objeto”? Que agenciamentos homem-socius-máquina são aí produzidos?

Este primeiro conjunto de questões será explorado na leitura de práticas artísticas contemporâneas que tornam ao mesmo tempo sensíveis e perturbadores tais processos em curso nos atuais dispositivos de vigilância. Desdobra-se, daí, um segundo conjunto de questões vinculado a dois tipos de táticas de (in)visibilidade: aquelas que inventam formas de apagamento, desaparição ou trucagem dos rastros para escapar dos aparatos de vigilância, e aquelas que buscam tornar visíveis e legíveis os mecanismos, cada vez mais discretos, que nos monitoram e rastreiam cotidianamente. Privilegiaremos as táticas de (in)visibilidade engendradas por trabalhos artísticos recentes que tematizam ou se apropriam de drones e de diversos tipos de algoritmo presentes nos chamados dispositivos de ‘vigilância inteligente’ (smart surveillance).