quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Celulares, monitoramento e publicidade


O monitoramento de mensagens de texto e chamadas telefônicas em telefones celulares é um dos focos das companhias de telefonia móvel e da publicidade "proativa". Matéria do Times Online mostra que empresas como a Motorola projetam monitorar mensagens de texto de seus clientes (condicionado ao consentimento destes) para enviar publicidades apropriadas ao que tais mensagens indicariam. Caso o cliente tecle "fome" ou "comida", por exemplo, receberá publicidade acerca dos restaurantes próximos ao local onde se encontra. Vigilância e monitoramento consentido e ao gosto do freguês. Mais uma vez, o problema maior não reside no serviço propriamente, o qual pode ser muito funcional e bem-vindo em certas ocasiões, mas sim na naturalização da vigilância no âmbito da vida e da comunicação cotidianas e a política de dados a que tais serviços estão atrelados.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Privacidade e web 2.0

Especialistas da ENISA (European Network and Information Security Agency) fazem propostas para aumentar a privacidade em Redes Sociais na Internet. A análise de redes como Facebook, Myspace e Twitter mostrou o quanto os dados pessoais dos seus usuários estão sujeito ao monitoramento e à vigilância. Mais detalhes aqui.

domingo, 28 de outubro de 2007

Primeira câmera de vigilância


É bem possível que a primeira câmera de vigilância em espaço público tenha sido uma camera obscura projetada em Glasgow em 1824 para vigiar a população passante. A fonte: The Glasgow Mechanic's Magazine. No. XXXII, august, 7, 1824. Vale notar que a data é anterior ao anúncio da invenção da fotografia, em 1839. Curioso como é familiar o trecho da revista, conforme citado por G. Batchen (Guilty Pleasures):
"By this means, the necessity of sending emissaries to reconnoitre the conduct of the lieges would be superseded, since everything would then taken place, as it were, under the eye of the Police".

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Histeria, imagem e subjetividade



Recebi hoje um comunicado sobre uma conferência em torno de Augustine, paciente histérica interna da Salpêtrière que se tornou célebre pelas suas "atuações" no teatro da histeria conduzido por Charcot e testemunhado por Freud e por fotógrafos que criaram uma iconografia singular. Rever as imagens de Augustine é uma boa forma de lembrar e perceber um regime de visibilidade das subjetividades modernas: o olhar, o riso, os gestos, as poses, as curvaturas e contraturas do corpo expressam uma economia libinal plena de conflitos e tensões, de excessos e freios, uma sexualidade perturbadora, o desejo em êxtase, o corpo atravessado pelo sintoma que, dizia Freud, surgia "no lugar da lembrança". Toda uma dimensão não visível, latente, recôndita e inconsciente que constitui as subjetividades modernas segundo um regime de visibilidade marcado pelas tensões entre o que se mostra e o que se esconde, o dentro e o fora, o manifesto e o latente. O corpo exposto da histérica expressa o que não se diz nem se vê plenamente. Não por acaso, Charcot dirige todo o teatro da histeria que prenuncia o inconsciente, buscando demonstrar no corpo da histérica sob hipnose a verdade daquilo que só se revela malgrado qualquer vontade. Às acusações de manipular e forjar as crises histéricas no teatro da Salpêtrière, respondia ser simplesmente um "fotógrafo".

Ao lado das memórias disparadas pelas imagens de Augustine, vem a lembrança do belo livro de Didi-Huberman sobre a inconografia fotográfica da Salpêtrière: Invention de l'hystérie - Charcot et l'iconographie photographique de la Salpêtrière, e uma confissão pessoal: Augustine foi uma das minhas heroínas de juventude, em tempos de estudante de psicologia. A sua presença em minha memória é ao mesmo tempo um golpe narcísico, uma mordida do tempo, mas também uma pequena vitória da modernidade e da persistência dessas subjetividades que hoje parecem cada vez mais afastadas de nós, especialmente quando lidamos com os regimes de visibilidade progressivamente estendidos dos reality shows, blogs e fotologs.

Perfis e RFID



A produção de perfis informacionais que projetem desejos, interesses, inclinações comportamentais etc vem se mostrando uma das principais máquinas identitárias de nossa cultura, sendo cada vez mais utilizada na orientação de escolhas e decisões em diversos setores. O mundo do consumo é pródigo em exemplos nesse sentido, especialmente os sítios de comércio eletrônico como a amazon.com. Um exemplo recente numa loja de departamentos na Alemanha mostra a incorporação do uso de perfis proativos a etiquetas RFID em roupas para fazer sugestões aos clientes. Ao escolher um casaco, por exemplo, o cliente recebe automaticamente sugestões de acessórios, sapatos ou outros itens que os perfis projetem como apropriados ou recomendáveis na combinação com o casaco escolhido. Um "espelho inteligente" e proativo projeta os desejos e interesses possíveis do cliente. A matéria é do blog de Roland Piquepaille da ZDNet, via Carnet de Notes.

Sobre a relação entre perfis informacionais, identidade e vigilância, ver meu artigo "Dispositivos de vigilância no ciberespaço: duplos digitais e identidades simuladas" na Fronteiras e, para entender e visualizar a construção dessas "fábricas do gosto" e seus produtos, ver artigo da Pattie Maes et allli.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Arte 2.0


Trabalhos de Kevin Bewersdorf and Guthrie Lonergan na And/Or Gallery exploram as possibilidades estéticas dos conteúdos da web 2.0, bem como o deslocamento dos limites entre público e privado e suas repercussões sobre a subjetividade. A matéria é do Rhizome.

Nesse mesmo momento, na ZKM, a exposição YOU_ser: The Century of the Consumer também tematiza os formatos participativos da Web 2.0 e seus nexos com os movimentos participativos na arte do século XX (Op-art, arte conceitual, happenings, Fluxus, arte digital interativa etc). No texto de informação sobre a exposição no site, enfatiza-se a proposta de que os visitantes possam atuar como "artistas, curadores, produtores". Não consegui evitar um certo desconforto com a forma como esse mesmo texto propõe um paralelo entre visitante, usuário e "consumidor emancipado", seguido da afirmação exclamativa "YOU are the content of the exhibition!". Talvez a ironia possível dessa passagem não tenha me sensibilizado o suficiente, mas a minha reação imediata é provavelmente duplamente conservadora: primeiro, tal paralelo é, no mínimo, questionável, e ainda mais a expressão "consumidor emancipado", que reúne duas palavras com linhagens tão diversas quanto problemáticas, especialmente quando postas no âmbito da criação. A segunda reação é quase uma saudade de ser simplesmente espectador. A curadoria é de Peter Weibel. Em tempo, esses comentários condizem apenas ao texto no site da exposição, uma vez que ainda não vi os trabalhos apresentados ;-). Abaixo o texto ao qual me refiro:

"On the occasion of its anniversary celebration “10 Years of ZKM in Hallenbau A,” ZKM | Center for Art and Media turns its attention to the effects of net-based, global creation on art and society with the exhibition “You_ser: The Consumer Century.”
Over the past years, the ZKM | Media Museum has already presented in the context of its collection of interactive art, the largest in the world, the most important pathfinders and currents in participatory art of the twentieth century: Op-Art, kinetic and cybernetic art, Arte Programmata, Conceptual art, Fluxus, and Happenings, interactive computer-aided installations, and virtual environments. Instructions for use and changeable objects activate beholders. In this way, you, the visitor, take part in the construction of the artwork. In the Internet, portals such as www.flickr.com, www.youtube.com, www.myspace.com; and virtual worlds, such as www.secondlife.com or blogs now offer a newly structured space for the creative statements of millions of people. The artist no longer has a monopoly on creativity.
Users deliver or generate the content or put it together. They become producers and program designers and thereby, competitors to television, radio, and newspapers, the historical media monopoly. Audience participation reshapes itself as consumers’ emancipation.
These transformations concern not only the global expanses of the Internet, but also the museum. It reacts to the changed cultural and social behavior and supports those tendencies, which, in an Enlightenment spirit, are applied for democracy and the idea of access to education for all.
The new installations presented in the exhibition transfer the potential for co-designing by the user that has been developed on the Internet into the context of art and allow the visitors to emancipate themselves.
They can act as artists, curators, and producers. The exhibition visitors, as users, as emancipated consumers, are at the center of focus. YOU are the content of the exhibition! The museum is bound to a fixed location and set times. Through the Internet, it can develop into a communicative platform independent of place and time. The historical model of culture, in which Darwinist selection takes place and only a few select find acceptance in its storage and distribution apparatus, embodied by the principle of Noah’s Ark, has been displaced.
The new Noah’s Ark of the Internet has an endless storage space, which, in principle, is open to all inhabitants of the industrial and newly industrializing countries.
Is this the new cultural space for the emancipated consumer, the visitor as user who will decide the culture of the twenty-first century, just as slaves, workers, and citizens as historical subjects have done in the past?
Curated by Peter Weibel
Project management: Bernhard Serexhe. "

sábado, 20 de outubro de 2007

Conferência InVisibilities

A Surveillance & Society abre o call for papers para a sua terceira Conferência, intitulada "InVisibilities: The Politics, Practice and Experience of Surveillance in Everyday Life", a ser realizada em abril de 2008 na Universidade de Sheffield. Os resumos devem ser enviados até janeiro de 2008. Abaixo, os principais temas em foco:
• Experiencing Surveillance and Visibility
• Participatory and Voluntary Surveillance
• Theorising (in)visibility
• Histories of Surveillance and Visibility
• Surveillance of the Other - Visibility and Difference
• Representations of Surveillance in Film/Art/Literature/Media
• State Surveillance and Identification
• Surveillance, visibility and the welfare state
• Surveillance and consumer visibility
• The transparent body
• Electronic visibilities
• (In)visibility and labour
• Negotiating (in)visibility
• Researching (in)visibility
• Spatial visibilities
• Surveillance futures

Como o Google mapeia o mundo

Matéria da Technology Review explica o passo a passo do mapeamento do mundo feito pelo Google Earth.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

E-mail, delegação e vigilância: Xobni


Um software passível de ser acoplado ao Outlook Express - o Xobni - se propõe a organizar e otimizar as nossas caixas postais cada vez mais cheias, permitindo que realizemos buscas mais eficientes em nossos emails e que visualizemos informações com mais facilidade. O programa visa ainda extrair padrões acerca do modo como seus usuários e correspondentes usam o correio eletrônico, fornecendo assim dicas de comportamento. O programa pode, por exemplo, revelar que um determinado correspondente costuma enviar e-mails numa dada hora, o que indica que essa seria uma boa hora para encontrá-lo na rede ou enviá-lo uma mensagem. Não é difícil ver como programas como esse podem alimentar mais uma mina de dados da qual se extrairão perfis que visam ao mesmo tempo predizer e orientar comportamentos. Mais um exemplo de como o monitoramento e a vigilância tendem a já virem "embutidos" na oferta de serviços que nos fornecem conforto e agilidade na lida com o excesso informacional cotidiano.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Controle, massa e mobilidade


O Festival HTMlles 8: crowd control (Montréal, Canada) explora as atuais formas de mobilidade social, política, territorial, tecnológica, conceitual e pessoal, bem como as possibilidades de autonomia e controle nesse contexto.

domingo, 14 de outubro de 2007

Celular e super ego


Os telefones celulares vêm acumulando um cardápio cada vez mais variado de funções, inclusive de vigilância e monitoramento. Dentre as últimas inovações, há dispositivos que tornam os celulares instâncias superegóicas que monitoram taxas calóricas ingeridas, nível de atividade física e até mau hálito, enviando mensagens de advertência ou encorajamento para que seus usuários tenham êxito no alcance das metas diárias. A matéria é do Technology Review.

Retóricas da segurança, aumento da vigilância


É comum a certos discursos da segurança operarem com uma retórica que sempre justifica seus meios mesmo quando eles falham. Segundo esse discurso, as medidas de segurança falham sempre porque ainda não são suficientemente fortes. A solução, assim, é sempre ampliar os mesmos meios, sem jamais questioná-los nos seus fundamentos e nas suas implicações ético-políticas. É assim com as prisões, com as guerras preventivas anti-terror e também com a vigilância. A despeito de inúmeras pesquisas indicarem não haver relação evidente entre o aumento de câmeras de vigilância e a diminuição dos índices de criminalidade, as administrações públicas de quase todo o mundo ampliam seus sistemas de videovigilância. Duas matérias explicitam essa retórica, mostrando a ampliação e/ou sofisticação da videovigilância na França e na Inglaterra. Nesta última, os investimentos visam tornar as câmeras mais "inteligentes" no reconhecimento de faces de suspeitos e no seu monitoramento em meio a multidões. Tenho reportado neste blog diversas pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que visam identificar ou prever ações ou indivíduos suspeitos, tornando as câmeras aparelhos que não apenas inspecionam e registram, mas identificam, re-conhecem e prevêem. O argumento é o de que as câmeras, munidas de tal "inteligência", enfim serão eficientes na prevenção de crimes. A retórica da segurança reitera os seus meios e mantém fora do foco seus princípios e suas implicações.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Mapas futuros


As relações entre vigilância, cartografia, tecnologia e futuro são analisadas à luz de ótimos exemplos e dispositivos em Future Map or: how the cyborgs learned to stop worrying and love surveillance, texto de Brian Holmes disponível no seu Continental Drift.

Comunicação e Experiência Estética


Entre 16 e 19 de outubro acontecerá o II Simpósio Internacional Comunicação e Experiência Estética, coordenado pelo Prof. César Guimarães, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG. Estarei participando da mesa A Experiência das Imagens. Abaixo a programação completa do evento.


16/10 – Terça

17/10 - Quarta

18/10 - Quinta

19/10 - Sexta

9:30

Conferência de abertura - Louis Quéré (EHESS): Sobre o conceito de experiência.

Mesa-redonda:

Mídia e experiência estética. Participantes: João Luiz Freire (UFRJ), Paulo Bernardo (UFMG) e Carlos Mendonça (UFMG).

Mesa-redonda:

A experiência das imagens. Participantes: Eduardo de Jesus (PUC-MG), Fernanda Bruno (UFRJ), Cláudia Mesquita (UFSC). Coordenação: César Guimarães (UFMG).

Mesa-redonda:

O texto como modelo de compreensão. Participantes: Cedric Terzi(EHESS), Elton Antunes (UFMG) e Hugo Mari (PUC-MG).

Coordenação:Paulo B. Vaz (UFMG)

14:30

Mesa-redonda: A reconfiguração do campo da comunicação à luz do conceito de experiência. Participantes: José Luiz Braga (Unisinos), Eduardo Duarte Gomes Silva (UFPE) e Monclar Valverde (UFBA). Coordenação: Vera França (UFMG)

Conferência:

Stella Senra

Debatedor: César Guimarães (UFMG)

Conferência:

Gonzalo Abril (Universidad Complutense)

Debatedor: Bruno Leal (UFMG)

A experiência estética nas redes telemáticas Participantes: Beatriz Bretas (UFMG), Rodrigo Fonseca Rodrigues (FUMEC), Geane Alzamora (PUC-MG).

Coordenação: Elton Antunes(UFMG)


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Arte e webcam: Ubermatic

Dois trabalhos do Ubermatic usando webcams são reportados no Rhizome. AFK ("Away from Keyboard", expressão usada em chats e mensagens SMS) é uma série de performances onsite/online envolvendo envio de mensagens SMS sob o testemunho de webcams públicas que monitoram paisagens urbanas e não urbanas.



Getting Ready é uma performance e instalação feita com webcams e voltada para o público da Internet. A antecipação e a preparação do ambiente são os temas centrais da performance, que é exibida em tempo real tanto num monitor de computador instalado numa galeria em Toronto quanto para espectadores da Internet.

Google, Arte, Hacker


Exposição online organizada pelo Rhizome (grata, Ricardo Cutz) apresenta trabalhos que reinterpretam, "hackeam" ou questionam o Google. A curadoria de "Google Art, or How to Hack Google" é de Ana Otero.

"Almost coinciding with the ninth anniversary of Google search engine (last Thursday, September 27), the show "Google Art, or How to Hack Google" aims to illuminate and critique the influence of this expanding online institution. Artworks include ad hacks that attempt to foil Google's seemingly unstoppable business machinery, playful re-interpretations of search results and alterations of its geographical worldview. Together, they elevate and critique Google's logic, while recognizing its own deepening relationship with our culture, behavior and lives."

Biometria e previsão


Post do Boing Boing menciona mais uma pesquisa científica que utiliza dados biométricos para construir dispositivos de vigilância capazes de prever comportamentos criminosos. Nas palavras do cientista da University at Buffalo: "The goal is to identify the perpetrator in a security setting before he or she has the chance to carry out the attack". Mais detalhes na matéria da Science Daily.

sábado, 6 de outubro de 2007

Mapas de crime e vigilância colaborativa



O Globo Online, mais precisamente o blog Reporter de Crime lançou uma campanha convocando os moradores do Rio de Janeiro a enviarem mapas de crime dos locais em que moram ou conhecem bem. Tijuca, Flamengo, Jacarepaguá, Gávea, Copacabana, Centro, Botafogo, entre outros, já foram 'representados' na campanha "Envie os mapas de crime de sua área". Tais "mapas" são na realidade listas fetias pelos internautas com informações sobre as ruas mais perigosas, os tipos de crime mais comuns etc. Num texto recente, tratei brevemente da expansão desse tipo de mapa em várias cidades do mundo. Projetos como Oakland Crimespotting e Chicago Crime são alguns dentre inúmeros mapas de crime em áreas urbanas disponíveis na Internet. Muitos deles são colaborativos ou participativos, contando com informações dos internautas. Neste tipo de projeto, está suposto que a vigilância deve ser exercida não apenas sobre todos (como já atestam as câmeras de vigilância por toda parte), mas também por todos. A cidade e seus crimes são aí objeto de um regime escópico e atencional que implica uma vigilância colaborativa e distribuída, que incita a todos a reduzirem tais processos urbanos de grande complexidade política e social a uma questão de controle pessoal.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Wikisurveillance


Tenho apontado nesse blog e em alguns textos o caráter colaborativo e participativo de alguns dispositivos de vigilância contemporâneos. Texto no On the identity trail propõe a noção de "wikisurveillance" como uma nova forma de contrato social nas sociedades pós-industriais. O texto é um pouco panfletário e superficial, mas os processos a que se refere merecem atenção.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estética e banco de dados


Victoria Vesna organiza livro que explora o banco de dados como forma cultural e estética. Database Aesthetics: Art in the Age of Information Overflow "examines the database as cultural and aesthetic form, explaining how artists have participated in network culture by creating data art. The essays in this collection look at how an aesthetic emerges when artists use the vast amounts of available information as their medium. Here, the ways information is ordered and organized become artistic choices, and artists have an essential role in influencing and critiquing the digitization of daily life."
Abaixo, o sumário do livro:

TABLE OF CONTENTS

Acknowledgements
Introduction by Victoria Vesna

Part I. Database Aesthetics

1. Seeing the World in a Grain of Sand: The Database Aesthetics of Everything
Victoria Vesna

2. Database as Symbolic Form
Lev Manovich

3. Ocean, Database, Recut
Grahame Weinbren

4. Waiting for the World to Explode: How Data Converts Into a Novel
Norman Klein

5. The Database as System and Cultural Form: Anatomies of Cultural Narratives
Christiane Paul

6. The Database Imaginary: Memory_Archive_Database v 4.0
Steve Dietz

7. Recombinant Poetics and Related Database Aesthetics
Bill Seaman

8. The Database: An Aesthetics of Dignity
Sharon Daniel

9. Network Aesthetics
Warren Sack

10. Game Engines as Embedded Systems
Robert F. Nideffer

Part II. Artists and Data Projects

11. Stock Market Skirt: The Evolution of the Internet, the Interface and an Idea
Nancy Paterson

12. Pockets Full of Memories
George Legrady

13. The Raw Data Diet, All Consuming Bodies, and the Shape of Things to Come
Lynn Hershman-Leeson

14. Time Capsule: Networking the Biological [Biotech and Trauma]
Eduardo Kac

15. Aesthetics of ecosystm
John Klima

16. Polar
Marko Peljhan

Publication History
Contributors
Index

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Bancos de dados e vigilância


Matéria do Economist.com trata do enorme aumento dos procedimentos de coleta de dados sobre indivíduos em nossa cultura, os quais que vêm ultrapassando em quantidade, diversidade e agilidade aqueles empregados nos regimes totalitários. A matéria trata ainda da ampliação de outros sistemas de vigilância, como câmeras CCTV, etiquetas RFID etc. Trecho inicial:
"IT USED to be easy to tell whether you were in a free country or a dictatorship. In an old-time police state, the goons are everywhere, both in person and through a web of informers that penetrates every workplace, community and family. They glean whatever they can about your political views, if you are careless enough to express them in public, and your personal foibles. What they fail to pick up in the café or canteen, they learn by reading your letters or tapping your phone. The knowledge thus amassed is then stored on millions of yellowing pieces of paper, typed or handwritten; from an old-time dictator's viewpoint, exclusive access to these files is at least as powerful an instrument of fear as any torture chamber. Only when a regime falls will the files either be destroyed, or thrown open so people can see which of their friends was an informer.
These days, data about people's whereabouts, purchases, behaviour and personal lives are gathered, stored and shared on a scale that no dictator of the old school ever thought possible. Most of the time, there is nothing obviously malign about this. Governments say they need to gather data to ward off terrorism or protect public health; corporations say they do it to deliver goods and services more efficiently. But the ubiquity of electronic data-gathering and processing—and above all, its acceptance by the public—is still astonishing, even compared with a decade ago. Nor is it confined to one region or political system."

Photo needs/sexual needs

"my photo needs and my sexual needs are one and the same"
Natacha Merrit, Digital Diaries, 2000

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Casamento e Flagrante


Espontaneidade sob encomenda; deu no The New York Times: enamorados contratam paparazzi para flagrar o momento em que pedem suas/seus amadas/os em casamento. Mais uma fonte de renda para os paparazzi, que podem ganhar até US$500,00 pelo serviço; mais uma prática em que se misturam autenticidade e artifício, privacidade e publicidade; mais uma via de se perseguir o efeito de real num fotojornalismo romântico; mais uma afirmação da "estética do flagrante" como modo privilegiado de se vincular imagem e realidade. A boa nova vem do Tiago Dória Weblog (mais uma dica do Cezar).

Além disso tudo, essa história me lembrou o trabalho Fonce Alphonse (1993), do artista e fotógrafo Jeff Guess, em que este ultrapassa propositalmente o limite de velocidade com o seu carro na França, no dia do seu casamento, para que o o casal de noivos devidamente vestido para a "cerimônia" seja flagrado por uma câmera de controle do trânsito. Com esse dispositivo irônico, o artista gera uma foto de casamento absolutamente gratuita e entregue a domicílio pelo Estado. A imagem e o texto abaixo são do site do artista.

"In France the police set up cameras on the side of the highway which flash and take a photograph of speeding cars. Fonce, Alphonse (1993) is a police photograph which recorded an intentional speeding violation on my wedding day. The title roughly corresponds to the English, ‘Put the pedal to the metal’ It can be thought of a reflection on certain aspects of the work of Marcel Duchamp - on speed, the indifference of the machine, the bride, the ready-made, questions of identity, etc. It represents one of the most intimate moments in the life of a couple, marriage, and precisely at the exact moment where the police photo tries to identify us, our identities are in flux, marriage bringing about a change of name, of social status, even of nationality. It is meant to be thought of as a provocation. I was thinking of Alphonse Bertillon who systematized police photography at the end of the nineteenth century. In a way police photography approaches ‘objectivity’ as much as possible because it has legal status. The judiciary institution gives it its authenticity. But because we were speeding on purpose this becomes problematic. The power relations are reversed. In the same instant we go into the law through marriage, we also become ‘outlaws’. Marriage, institution of the State is confronted with the institution of the police."