quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

#Dronehackademy



Os drones talvez sejam a máquina mais sintomática do nosso tempo, por ora. Máquina modelo da atual guerra ao terror, em que o ângulo de visão e de tiro coincidem na linha de mira de um pós-humanismo brutal. Matar sem poder morrer: violência cuja assimetria e unilateralidade extremas redefinem, conforme G. Chamayou (Teoria do Drone) a concepção da guerra. Do combate ao assassinato seletivo (e à distância). Para além da guerra, e ironicamente, essa máquina assume recentemente mil e uma utilidades e alimenta uma indústria que cresce vertiginosamente.
Como lidar com essa máquina e seus ardis? A #dronehackademy, projeto coordenado por Pablo de Soto e Lot Amoros no MediaLab.UFRJ, com apoio da Rede LAVITS, enfrenta a questão.
Documentação da primeira edição da #dronehackademy aqui.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A Vida Secreta dos Objetos 2015





















Em agosto de 2015 A Vida Secreta dos Objetos esteve de volta ao Rio de Janeiro, dando continuidade ao evento inaugurado em 2012. Este ano, o instigante Simpósio dedicou-se ao subtema “Ecologias da Mídia” e aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Um prazer e uma honra participar mais uma vez desse belo encontro.
A programação e os registros da edição carioca estão no site do Simpósio.
Abaixo, o resumo da minha conferência Contramanual para tecnologias smart: algoritmo, controle, tempo":
Uma parte significativa da paisagem de dados por onde trafegamos é modulada por algoritmos que alimentam-se de nossas ações, alegam ‘aprender’ com elas e nos ofertam uma paisagem personalizada que projeta o que supostamente desejamos ver, consumir, ouvir, ler, conhecer preferencialmente. Tais algoritmos, nutridos por imensos volumes de dados variados e dinâmicos, animam a vida secreta das tecnologias, ambientes, plataformas e serviços ditos inteligentes. Tão “smart” quanto opacos.
Como ver, apreender, narrar essas máquinas que nos fazem visíveis e que no entanto escapam à nossa percepção e ação? Como negociar com elas, como contestá-las, contrariá-las e eventualmente sabotá-las? Encaminharemos nesta conferência interrogações sobre as políticas de visibilidade, a escala e a agência do controle algorítmico, que incide especialmente sobre o tempo, sobre como ver adiante e agir antes.

LAVITS 2015: Simpósio, Videos, Anais

























A LAVITS - Rede latino-americana de estudos em vigilância, tecnologia e sociedade, criada em 2009 por um grupo de pesquisadores inquietos com a penetração crescente de práticas e tecnologias de vigilância em nosso cotidiano, realizou em maio de 2015 o seu terceiro Simpósio Internacional no Rio de Janeiro. Simpósio fértil em ideias, diálogos, intercessões e trocas, abrigados sob a temática geral "Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios. Ao longo de três dias reunimo-nos em torno de conferências, seminários temáticos, oficinas, intervenção audiovisual e um seminário aberto que fechou o evento.
A programação completa pode ser conferida no site do III Simpósio LAVITS, bem como os Anais com os trabalhos apresentados nos seminários temáticos. Os videos das conferências podem ser vistos aqui.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Nem indivíduo, nem sociedade: o transindividual











O Medialab/UFRJ, o LEIC/UFRJ e o GeACT convidam a todxs para o debate ‘Nem indivíduo, nem sociedade: o transindividual’ com Pedro Ferreira (UNICAMP):

A apresentação irá explorar aspectos da teoria social desenvolvida por Gilbert Simondon em L’Individuation à la lumère des notions de forme et d’information. Em especial, será abordada a noção simondoniana de “transindividual”, fundamental para sua concepção de individuação coletiva. Serão indicadas algumas possíveis contribuições dessa teoria social para pesquisas em ciências sociais.

Pedro P. Ferreira é professor do Depto. de Sociologia do IFCH/Unicamp e desenvolve pesquisas na área de sócio-antropologia da ciência e da tecnologia (entendidas como práticas de conhecimento ou saberes práticos). Já desenvolveu pesquisas teóricas e empíricas sobre xamanismo, música eletrônica de pista, skate, fotografia, morfogênese urbana e práticas teórico-laboratoriais em física, experimentando mais recentemente com uma perspectiva filosófica menor da Teoria Ator-Rede. Atualmente desenvolve uma leitura sociológica da filosofia da individuação de Gilbert Simondon.
 
=== DATA/LOCAL ====
Sexta-feira, dia 11 de setembro, às 14h30
IFCS – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
SALA 109, Térreo
==== REALIZAÇÃO ====
MediaLab.UFRJ
http://medialabufrj.net/
LEIC (Laboratório de Etnografias e Interfaces do Conhecimento) – IFCS/UFRJ
GeACT – Grupo de Estudos em Antropologia da Ciência e da Tecnologia
https://geactblog.wordpress.com/
=== REFERÊNCIAS ===
A individuação à luz das noções de forma e de informação: Introdução. (Trad. Pedro Ferreira e Francisco Caminati)
https://cteme.files.wordpress.com/2011/05/simondon_1958_intro-lindividuation.pdf
Video de Pedro Ferreira https://www.youtube.com/watch?v=Z_RQ4jCJ3EI

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Olho_Máquina_Mundo


No segundo semestre de 2015 ofereço no PPGCOM/UFRJ, em parceria com Tadeu Capistrano (PPGAV/UFRJ), o curso Olho_Máquina_Mundo: explorações estético-políticas a partir do trabalho de Harun Farocki. O curso é uma parceria destes programas de pós-graduação da UFRJ com a Plataforma de Emergência/Deslocamentos do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica/CMAHO. O curso é aberto não apenas a mestrandos, doutorandos, mas também a artistas, pesquisadores e profissionais interessados. As inscrições podem ser feitas no PPGCOM/UFRJ, no PPGAV/UFRJ ou no CMAHO (goo.gl/forms/bDQlUDpwen)
O curso será oferecido às quintas-feiras, das 15 às 18h, no auditório do Centro Municipal de Arte Helio Oiticica.

Abaixo a ementa e a bibliografia básica:
O curso toma o trabalho de Harun Farocki como ponto de partida para explorar as conexões entre olho, máquina e mundo em três campos: a produção científico_tecnológica de máquinas de visão, as estratégias de controle sobre espaços, territórios e populações, e as práticas artísticas que têm questionado as recentes dinâmicas de poder. Estes três campos, analisados conjuntamente, formam a base para uma reflexão estético-política sobre as trajetórias moderna e contemporânea de produção das imagens, dos nossos modos de ver e de fabricar mundos. Tal reflexão será conduzida, ao longo do curso, pela análise de trabalhos artísticos de Farocki, em diálogo com obras de outros artistas, e textos de arte, filosofia, psicologia, arquitetura e mídia.
Bibliografia Básica:
ARANDA, Julieta; VIDOKLE, Anton; WOOD, Brian K. e-Flux # 59 – Harun Farocki. New York, 2014.
CRARY, Jonathan. 24/7. Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naif, 2014.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Remontage du temps subi (L’oeil de L’histoire 2). Paris, Minuit: 2010.
EHMANN, Antje. Harun Farocki: Against What? Against Whom? Walther König: Köln, 2010.
FAROCKI, Harun. Desconfiar de las imágenes. Buenos Aires: Caja Negra, 2013.
FLUSSER, Villém. O universo das imagens técnicas. São Paulo: Annablume, 2008.
STEYREL, Hito. Los condenados de la pantalla. Buenos Aires, Cajá Negra: 2014.
VALIAHO, Pasi. Biopolitical Screens: Image, Power and the Neoliberal Brain. Massachusetts: The MIT Press, 2014.
VIRILIO, Paul. A máquina de visão. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
WEIZMAN, Eyal. The Politics of Verticality. The West Bank as an Architectural Construction. Open Democracy, 2002.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Estéticas da Vigilância: arte, tecnologia e política

 

                             Trevor Paglen, Untitled (Reaper Drone), 2010.

Amanhã, na Universidade de Buenos Aires (Faculdade de Ciências Sociais), retomo numa conferência um tema que persigo há alguns anos: Estéticas da Vigilância: arte, tecnologia e política. Coordenadas aqui.

RESUMO:
Que estéticas da vigilância podem emergir quando o objeto do olhar vigilante se torna simultaneamente gigantesco e vestigial? Uma parte expressiva das tecnologias de vigilância hoje alimentam-se dos rastros de nossas ações no espaço informacional ou dos rastros de nossos corpos deixados nas câmeras, sensores, radares e aparatos similares de captura de nossa imagem ou de nossa presença. Esses rastros e vestígios são capturados em imensas escalas, gerando arquivos de grandezas inéditas, da ordem de zetabytes de dados. Como ler, ver, analisar e controlar esse volume de rastros, os quais ultrapassam as capacidades humanas de apreensão sensorial e cognitiva? Como vigiar um “hiper-objeto”? Que agenciamentos homem-socius-máquina são aí produzidos?

Este primeiro conjunto de questões será explorado na leitura de práticas artísticas contemporâneas que tornam ao mesmo tempo sensíveis e perturbadores tais processos em curso nos atuais dispositivos de vigilância. Desdobra-se, daí, um segundo conjunto de questões vinculado a dois tipos de táticas de (in)visibilidade: aquelas que inventam formas de apagamento, desaparição ou trucagem dos rastros para escapar dos aparatos de vigilância, e aquelas que buscam tornar visíveis e legíveis os mecanismos, cada vez mais discretos, que nos monitoram e rastreiam cotidianamente. Privilegiaremos as táticas de (in)visibilidade engendradas por trabalhos artísticos recentes que tematizam ou se apropriam de drones e de diversos tipos de algoritmo presentes nos chamados dispositivos de ‘vigilância inteligente’ (smart surveillance).