domingo, 14 de outubro de 2007

Retóricas da segurança, aumento da vigilância


É comum a certos discursos da segurança operarem com uma retórica que sempre justifica seus meios mesmo quando eles falham. Segundo esse discurso, as medidas de segurança falham sempre porque ainda não são suficientemente fortes. A solução, assim, é sempre ampliar os mesmos meios, sem jamais questioná-los nos seus fundamentos e nas suas implicações ético-políticas. É assim com as prisões, com as guerras preventivas anti-terror e também com a vigilância. A despeito de inúmeras pesquisas indicarem não haver relação evidente entre o aumento de câmeras de vigilância e a diminuição dos índices de criminalidade, as administrações públicas de quase todo o mundo ampliam seus sistemas de videovigilância. Duas matérias explicitam essa retórica, mostrando a ampliação e/ou sofisticação da videovigilância na França e na Inglaterra. Nesta última, os investimentos visam tornar as câmeras mais "inteligentes" no reconhecimento de faces de suspeitos e no seu monitoramento em meio a multidões. Tenho reportado neste blog diversas pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que visam identificar ou prever ações ou indivíduos suspeitos, tornando as câmeras aparelhos que não apenas inspecionam e registram, mas identificam, re-conhecem e prevêem. O argumento é o de que as câmeras, munidas de tal "inteligência", enfim serão eficientes na prevenção de crimes. A retórica da segurança reitera os seus meios e mantém fora do foco seus princípios e suas implicações.

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