"Qu'est-ce que modélise la télé-réalité? Du pouvoir sur des corps, je l'ai dit. La disposition du corps de l'autre, à entendre à la fois comme mise en posision et mise à disposition. La télevision m'apprend qu'elle dispose des corps et que, spectateur pris dans l'orbite de son pouvoir, j'en dispose à travers elle moi aussi." (Jean-Louis Comolli, Voir et pouvoir)
A paixão pelo real parece mesmo ilimitada. A imensa "criatividade" dos reality shows já convocou políticos franceses a conviverem por dois dias com famílias francesas 'comuns' num programa intitulado 36 Horas (TF1), assim como já transformou num concurso espetacular a decisão de uma paciente terminal que deveria escolher um entre três "pacientes-candidatos a transplante" para receber seus rins (The Big Donor Show/BNN). Apenas dois exemplos de uma lista crescente. Essa semana, estreou na CBS o Kid Nation, um reality show em que 40 crianças são confinadas, sem os pais, numa cidade-fantasma no Novo México e devem aprender a "se virar sozinhas" e a construir uma "nova sociedade". Entre as regras do jogo, há a recompensa pelo trabalho, o qual é avaliado pelo conselho da cidade, constituído por 4 crianças pré-selecionadas, que devem dar como prêmio estrelas no valor de 20 mil dólares e o direito a uma ligação telefônica para casa. Para mais detalhes dessa experiência de capitalização de vidas infantis em que espetacularização e perversão andam juntas, matéria do The New York Times reproduzida pelo Último Segundo e vídeo promocional do Kid Nation no YouTube.
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