domingo, 20 de dezembro de 2009

Dicotomia


Waves, Ogata Korin (1658-1716)

“É que o mundo de fora também tem o seu ‘dentro’, daí a pergunta, daí os equívocos. O mundo de fora também é íntimo. Quem o trata com cerimônia e não o mistura a si mesmo não o vive e é quem realmente o considera ‘estranho’ e ‘de fora’. A palavra ‘dicotomia’ é uma das mais secas do dicionário.” Clarice Lispector.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Do esquecimento e da liberdade II (adendo)

Complementando o post anterior, esqueci de enfatizar que se há um esquecimento numérico que merece regulamentação é aquele relativo aos dados de "segunda ordem", capturados a partir das informações, ações e comuicações que efetuamos, e que alimentam os bancos de dados, os perfis proativos e a fortuna dos inúmeros serviços e ambientes digitais que vivem dessa "personal information economy" (mecanismos de busca, redes sociais, entre outros). Tais dados de segunda ordem, que constituem, malgrado nosso desejo, um arquivo de nossos históricos e ações e que são classificados e utilizados para fins que desconhecemos ou não controlamos, estes sim devem estar destinados ao apagamento, o que já foi incorporado à política de privacidade de alguns serviços como o Google, mas que permanece em muitos casos ao gosto da empresa que os coleta e os arquiva.

domingo, 29 de novembro de 2009

Do esquecimento e da liberdade

Há pouco ocorreu um debate na SciencePo (Paris) acerca do direito ao esquecimento numérico, uma reivindicação legal por parte de senadores e apoiada pelo CNIL (La Commission Nationale de l'Informatique et des Libertés). O argumento central dessa reivindicação é o de que a profusão de dados pessoais nos ambientes da web 2.0 (redes sociais, blogs, microblogs, sites de compartilhamento de vídeo e imagem etc) não estariam sujeitos ao esquecimento 'natural', uma vez que a Internet teria uma memória perene, indelével, "eidética". Diferentemente da "natureza humana", que implica o esquecimento, a mudança, a contradição. O perigo da memória perene da rede, ainda segundo o argumento, seria o de condenar irremediavelmente as pessoas a este passado, que pode ser usado, em seu prejuízo, por futuros empregadores, empresas, serviços e mesmo outros indivíduos. A reivindicação é a de que os indivíduos tenham o direito jurídico de requerer o apagamento de seus dados pessoais em sites, blogs etc.

A medida insere-se no âmbito das tentativas de proteção à vida privada na Internet e clama pela liberdade e controle dos indivíduos sobre os dados que deixam na rede. Entretanto, não apenas o tiro pode sair pela culatra (dado que as medidas para fazer cumprir a lei podem ser mais ainda mais restritivas à liberdade do que a sua ausência), como há nessa reivindicação uma delicada discussão sobre a relação entre esquecimento e liberdade na rede.

Seguramente, pode-se afirmar (e Nietzsche dá a lição) que entre esquecimento e liberdade há uma relação de incitação recíproca; e essa relação está na base da possibilidade mesma do pensamento. Sem esquecer, não é possível pensar (vê-se o Funes de Borges), e sem pensamento não há liberdade. Contudo, no caso específico do direito ao esquecimento numérico, esta relação não é nada evidente, ao menos como ela está sendo proposta, em seus termos legais. Um dos problemas consiste no artigo 1 da proposta de lei, que deseja instituir uma espécie de pedagogia da livre expressão na rede, ensinando aos jovens os perigos da exposição de seus dados e os meios de proteger a sua privacidade. Certamente, é importante ensinar aos jovens a protegerem a sua privacidade, mas este ensinamento da lei do esquecimento numérico se insere no âmbito de uma pedagogia dos riscos de uso da Internet, articulada, inclusive, à lei Hadopi, que criminaliza o download de arquivos protegidos por direitos autorais, como bem aponta Manach.

"Le problème, c’est que cet enseignement serait calqué sur celui, introduit par la loi Hadopi, du “droit de la propriété intellectuelle, et les dangers du téléchargement et de la mise à disposition illicite d’oeuvres ou d’objets protégés par un droit d’auteur ou un droit voisin pour la création artistique"…
Je trouve ça très bien d’apprendre aux élèves à protéger leur vie privée -sauf que je préfère dire “défendre leurs libertés“, c’est plus constructif-, mais si ce sont les mêmes personnes qui vont expliquer aux élèves “surtout ne télécharger pas“, et qui vont ensuite leur expliquer “surtout ne montrer par vos fesses sur l’internet“, le message ne passera pas, et on va passer pour des vieux cons, tout simplement, et les jeunes, à 14 ans, ils vont le faire, évidemment, surtout si c’est lié à l’Hadopi !..."

O essencial, me parece, é que o controle dos indivíduos sobre seus dados pessoais e sua privacidade seja assegurado pelo direito à liberdade e ao anonimato na rede (o que é violado pela lei Hadopi). O respeito a esses dois princípios tornaria, creio, a questão do esquecimento secundária, ou menor, não justificando uma lei específica para tanto. Claro que isso não invalida a imensa e relevante discussão sobre as novas modalidades de arquivo e memória pessoal geradas no ciberespaço, voluntaria ou involuntariamente, bem como os tipos de controle e monitoramento a que esses dados estão sujeitos, muitas vezes à revelia dos indivíduos. Tais questões são fundamentais; o que não é claro nem evidente é o quanto a lei do esquecimento numérico é uma boa resposta a tais questões, ou uma via que amplia ainda mais a demonização da Internet como um lugar de altos riscos a serem controlados.
Abaixo, dois links de artigos, além dos que já foram mencionados acima:
http://www.rue89.com/explicateur/2009/11/11/le-droit-a-loubli-numerique-un-casse-tete-jurididique
http://www.lemonde.fr/technologies/article/2009/11/12/la-delicate-question-du-droit-a-l-oubli-sur-internet_1266457_651865.html

domingo, 22 de novembro de 2009

A partilha das imagens: arte, visualidade e filosofia com Marie-José Mondzain

A partilha das imagens: arte, visualidade e filosofia com Marie-José Mondzain

A Universidade Federal do Rio de Janeiro convida para um encontro com a filósofa francesa e historiadora da arte Marie-José Mondzain, através de duas conferências que serão realizadas nos dias 24 e 25 de novembro, entre 19:00 e 22:00h, na Central de Produção Multimídia (CPM) do campus da Praia Vermelha.


Marie-José Mondzain é diretora de pesquisa do CNRS (espécie de CNPq da França), membro do Conselho Científico do Collège International de Philosophie e diretora do grupo de pesquisas “Observatório das Imagens Contemporâneas”, onde colabora regularmente com realizadores de cinema, vídeo, diretores de teatro, artistas de circo e do campo da fotografia. Considerada um dos nomes mais respeitados dos estudos sobre a visualidade, Mondzain possui uma obra refinada, baseada em uma filosofia das imagens, que tem sido cada vez mais explorada pelos campos da arte, da filosofia e dos estudos de mídia. Passando por discussões que vão desde a iconofilia e a iconoclastia no império bizantino, aos recentes tratamentos das imagens pela mídia, pelo cinema e pelas novas tecnologias, o instigante trabalho de Marie-José Mondzain propõe identificar efeitos de continuidade e ruptura na administração das visibilidades, examinando suas diversas etapas desde a antigüidade até a atualidade.

As reflexões de Marie-José Mondzain tornaram-se fundamentais para todos aqueles que se propõem a pensar e debater o estatuto político e filosófico da imagem, do espectador e do espetáculo no mundo contemporâneo. Na primeira conferência Mondzain fará uma síntese de seu trabalho, esclarecendo os elementos principais que atravessam sua filosofia das imagens. Na segunda conferência, a filósofa fará uma discussão sobre arte, imagem e poder a partir de uma análise do filme “Das Stahltier” (O Animal), dirigido em 1936 por Willy Zielke, um dos fotógrafos mais conhecidos do cinema do expressionismo alemão e assistente de câmera de Leni Riefenstahl. Este raro filme de 71 min, dotado de uma sofisticada linguagem vanguardista, produzido na Alemanha nazista e proibido por Joseph Goebbels, será exibido antes da
conferência, às 18:00h.

Inscrições: artefissil@gmail.com

O encontro é gratuito e os certificados serão emitidos para aqueles que comparecem nas duas conferências.


Haverá tradução
nas duas conferências

Endereço

Av. Pasteur, 250 - fundos

Praia Vermelha - Rio de Janeiro / RJ


Realização

Escola de Belas Artes e Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais

(EBA/UFRJ)

Escola de Comunicação e Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura

(ECO/UFRJ)

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Filosofia

(IFCS/UFRJ)


Organização

Fernanda Bruno (ECO)

Tadeu Capistrano (EBA)

Frederico Carvalho (EBA)

Fernando Santoro (IFCS)

domingo, 8 de novembro de 2009

Santa Marta contra a vigilância policial (II)

Vale ressaltar que o manifesto e as reuniões de discussão da comunidade do Santa Marta sobre a a instalação das câmeras de vigilância no local (ver post anterior) são, que eu saiba, a primeira manifestação de resistência da sociedade civil carioca (e muito provavelmente brasileira) à videovigilância dos espaços públicos. Significativamente, essa manifestação é organizada pelos moradores de uma favela, onde certamente o sentido e a experiência das câmeras de vigilância nas ruas são bastante diferentes daqueles que habitam as ruas das zonas mais abastadas da cidade. No lugar de tomar as câmeras como evidência ou indício de segurança, a comunidade toma as câmeras como objeto de questionamento e faz as perguntas, fundamentais, sobre o desejo dessas câmeras (queremos ou não?) e sobre a que serve esse desejo (quem quer e por quê?). A classe média e as elites, por sua vez, ou ficam inertes ou, quando agem, demandam mais câmeras. A explicação mais imediata é simples: a clase média e as elites não se sentem vigiadas, uma vez que as câmeras estão aí para protegê-las contra a invasão e o "perigo" atribuído às populações pobres, estas sim vigiadas e, não por acaso, insubordinadas, mais capazes de inverter o foco da vigilância e da visibilidade, e colocar o estado e a polícia sob questão. Explicação um tanto óbvia mas verdadeira, ainda que esteja longe de esgotar o problema. Aspectos como o desenho estreitíssimo das ruas da comunidade, bem como da exposição dos interiores das casas aos olhos policiais também mobilizaram as discussões.
Adiciono ao post anterior as dicas generosas da paoleb e do Rodrigo Veleda: vídeos das reuniões no Santa Marta (abaixo) e matéria do Estadão sobre o assunto.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Santa Marta contra a Vigilância policial (I)



Entidades da comunidade do morro Santa Marta lançam texto e cartaz de protesto contra a instalação de nove câmeras de vigilância na comunidade, que já conta com uma UPP - Unidade de Polícia Pacificadora.
O texto reproduzido abaixo foi publicado na Agência de Notícias das Favelas.

No final de agosto os moradores do Santa Marta foram surpreendidos, pelos jornais e televisões, com a notícia de instalação de nove câmeras em diferentes pontos da favela. O medo de ser mal interpretada imobilizou a comunidade.
Muita gente da rua e algumas pessoas do morro, por motivos e razões diferentes, aplaudem esta idéia. No entanto: se somos uma favela pacificada, porque continuam nos tratando como perigosos?
Muros, três postos de polícia, 120 soldados, câmeras – será que não está havendo um exagero? Quando é que seremos tratados como cidadãos fora de qualquer suspeita?
Muro: 2000.000,00, câmeras: 500.000,00 – esse valor daria para resolver problemas de quantas casas, quantas reparos na rede de esgoto e de drenagem?
Os últimos apartamentos entregues no santa marta têm um tamanho de 32 metros quadrados. O movimento popular de moradia diz que o tamanho mínimo é de 42m². Outras iniciativas defendem 37 metros. Então, porque os moradores do santa marta se conformam com essa metragem e não se manifestam? Isso seria a nossa prioridade!
Quando é que os moradores serão ouvidos sobre os destinos dessa comunidade?
Precisamos discutir e refletir sobre isso coletivamente
O medo está paralisando a comunidade e impedindo-a de se manifestar criticamente. Mas somente o exercício dos nossos direitos é que vai garantir a nossa liberdade.
“paz sem voz é medo”
Queremos discutir as nossas prioridades. Queremos conhecer e debater as mudanças feitas no projeto de urbanização do santa marta.
Só seremos ouvidos e respeitados se estivermos juntos
Pense, converse, reflita, debata, se junte"
Assinam este texto: grupo eco (itamar), associação de moradores (zé mario), igreja batista (pastor valdeci), costurando ideais (sonia), centro social ana maria vieira pinto (nanan), escola de samba mocidade unida do santa marta (antonio guedes), hip hop santa marta (fiel), som da casa fm (luiz kleber)

sábado, 17 de outubro de 2009

Assistencialismo televisivo

Profundo incômodo com esse Portal da Superação associado à novela Viver a Vida (de Manoel Carlos, na Rede Globo). O sofrimento reduzido ao assistencialismo televisivo e a um painel que reúne diferentes "depoimentos" mas que ecoa o modelo monocórdico da auto-ajuda.

Helio Oiticica (mais)



"meu sonho secreto, vou dizer aqui: gostaria de colocar uma obra perdida, solta, displicente, para ser 'achada' pelos passantes, ficantes e descuidistas, no Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro - é esta a posição ideal de uma obra - como fazem falta os parques! - são uma espécie de alívio: servem para passar o tempo, para malandrear, para amar, para cagar etc" (Programa Ambiental. Helio Oiticica, 1966)

Vigilância participativa


Nas duas últimas semanas chegou a mim, pelas mãos de amigos, listas e links na rede, uma série de notícias sobre um recente projeto que encarna de modo exemplar o que venho chamando de vigilância distribuída e de vigilância participativa. Trata-se de um site chamado Internet Eyes, que permite que os usuários monitorem circuitos de vídeo-vigilância na Grã-Bretanha através de seu computador pessoal conectado a Internet. Além de observar, os usuários poderão notificar diretamente os proprietários das câmeras caso vejam cenas suspeitas ou crimes ocorrendo. Há, ainda, um sistema de pontuação e prêmios em dinheiro para aqueles que forem bem sucedidos em seus flagrantes. Vantagens para o usuário que se dispõe a participar da vigilância e vantagens para o cliente que contrata o serviço de vigilância participativa, pois contará agora com outros tantos olhos colaborativos. Vigilância, jogo e negócio num só produto, seguindo a linha de investimentos recentes no caráter polivalente dos produtos de vigilância: além de impedir crimes e prender criminosos, eles podem remunerar ou diminuir os custos e encargos nos negócios (o lema "surveillance is business" torna-se corrente na publicidade de tais produtos). O caráter distribuído e participativo é evidente: desde o nome do sistema utilizado "Open Circuit Television" no lugar de "Closed Video Television" até a explícita convocação de indivíduos 'comuns' a exercerem o papel de operadores de câmeras de vigilância desde suas próprias casas e telas.
Trato desses temas em meu último artigo apresentado na Compós (Mapas de crime: vigilância distribuída e participação na cibercultura) e indico o artigo da Hille Koskela apresentado no Simpósio Internacional sobre vigilância na PUCPR, em que ela apresenta um sistema semelhante, mas voltado para o monitoramento da fronteira dos EUA com o México. O artigo "‘Watch the border 24/7, on your couch’ – Texas Virtual Border Watch Program and the politics of informing" está disponível on-line nos anais do evento.
Sugiro ainda um post do David Wood sobre o Internet Eyes.

Links para matérias sobre o Internet Eyes:
Telegrapf.co.uk - http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6263882/Snoopers-could-win-1000-prizes-for-monitoring-CCTV-cameras-on-the-internet.html
BBC Brasil - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091006_cctvinternet_ir.shtml
Mail Online - http://www.dailymail.co.uk/news/article-1218225/Internet-game-awards-points-people-spotting-crimes-CCTV-cameras-branded-snoopers-paradise.html

Helio Oiticica



"transformar processos de arte em sensações de vida" (Helio Oticica)

The private is the political: arte croata contemporânea

"The private is the public". O mote que colocou a privacidade nas ruas pela via dos movimentos ditos minoritários dos anos 1970 inspira a exposição "RECONSTRUCTIONS: private = public = private = public =
a selection of Croatian contemporary art". Além dessa inscrição histórica, as relações público-privado nos ambientes midiáticos e tecnológicos contemporâneos também estão presentes em parte dos trabalhos apresentados. Mais informações sobre os artistas e obras no site.
E sobre as possibilidades e limites de transformação da privacidade num ato político, ver meu post sobre o filme Milk, de Gus van Sant.

domingo, 4 de outubro de 2009

New Issue Surveillance & Society: Gender, Sexuality and Surveillance


Saiu há pouco o novo número da Surveillance & Society sobre gênero, sexualidade e vigilância. No editorial, um sumário dos artigos que compõem o número:

"These articles turn our attention to three particularly problematic phenomena that surround surveillance practices. The first is the oft-cited and fallacious public response to surveillance as being ‘if I have nothing to hide then I have nothing to fear’. The second concerns the outcomes of categorisation for gendered and sexualised subjects. The third highlights how intermediated surveillant methods produce new forms of vulnerability."

O número Gender, Sexuality and Surveillance, Vol 6, No 4 (2009), foi editado por Kirstie S Ball, David J Phillips, Nicola Green e Hille Koskela e, além de artigos, conta com uma série de resenhas sobre os últimos lançamentos sobre vigilância e temas correlatos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Another visuality. Discourse of display / display of discourse

"Another visuality. Discourse of display / display of discourse": seminário no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, realizado em 2006, discute os regimes de visibilidade e as práticas culturais contemporâneas. No site do museu, arquivos de audio com Martin Jay (Voyeurism), Jonathan Crary (On the Ends of Sleep: Shadows in the Glare of a 24/7 World), Roger Buergel (Exhibitionism) e Marius Babias (On the Strategic Use of Politics in the Context of Art). Além disso, o texto da fala do J. Crary está disponível para leitura e download.

Cartazes contra vídeo-vigilância


unbarriofeliz.wordpress.com

Mais cartazes aqui

domingo, 27 de setembro de 2009

Controle Social - Michalis Lianos

Uma das tarefas reflexivas e políticas contemporâneas é apreender as transformações nos modos de exercício do controle em nossas sociedades. O livro Le nouveau contrôle social, de Michalis Lianos, é uma das boas coisas que tenho lido a respeito e um dos argumentos mais instigantes do autor é a aliança que hoje se tece entre controle e autonomia, sobretudo no uso dos serviços e contextos institucionais do capitalismo pós-industrial. Num mundo em que os indivíduos participam cada vez mais da dinâmica social como usuários de serviços/instituições, o controle se inscreve nos próprios sistemas sociotécnicos e sociocognitivos: “un contrôle par configuration des contextes d’action, d’interaction ou d’observation, qui établit les termes dans lesquels son sujet, c’est-à-dire son usager, perçoit et comprend ces contextes.” Trata-se de um controle que atua, portanto, menos por precsrição de valores e mordidas na consciência do que pela regulação de contextos de participação, ação e obtenção de resultados nos diversos contextos sociotécnicos por onde circulam os indivíduos. Capacitar a ação, incitar à participação e à interação são as vias privilegiadas do controle: “la particularité du contrôle post-industriel est qu’il exige de l’autonomie en tant que conformité. Ceux qui ne peuvent se constituer en tant que sujet individués et autonomes sont les nouveaux délinquants."
Boas análises e argumentos consistentes, salvo, ao meu ver, por um lamento ou posição que perpassa todo o livro e a crítica que nele se tece: o atual sufocamento das relações intersubjetivas e das interações sociais presenciais que já serviram de base para outros modelos de controle social, os quais parecem aos olhos do autor menos problemáticos. Tenho enorme dificuldade em ver na intersubjetividade ou nas interações presenciais a garantia de um controle mais suave ou mais sujeito a resistências. Tanto estas últimas - as resistências - quanto o controle mais eficaz podem passar pelas reacões intersubjetivas e pelos corpos co-presentes; os suportes importando menos que as relações de força e os modos de ação.
PS.: Um bom artigo do autor, disponível na Surveillance & Society: Social Control after Foucault

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Music Scrobbling as a Panopticism of Taste?

É interessante mostrar a transparência de nosso ouvido musical em sites como Last.fm, que registram e disponibilizam tudo o que escutamos através de um plug-in chamado “scrobbling”, mas o artigo Music Scrobbling as a Panopticism of Taste, enfraquece seu tema e seu orgumento ao usar o sistema panóptico como chave de leitura para essa modalidade de observação anônima e onipresente de nosso gosto musical. A analogia só funciona superficialmente e não permite compreender as nuances dessas novas formas de observacão, monitoramento, registro e classificação dos hábitos cotidianos presentes em sites como o Last.fm e tantos outros que funcionam segundo sistemas de recomendação. Pensando em termos bibliográficos, o music scrobbling do last.fm estaria mais para a Taste Fabric da Pattie Maes (que, não por acaso, foi uma das idealizadoras do agente de busca e recomendação da amazon.com) do que para um Panopticism of Taste.

domingo, 13 de setembro de 2009

Simposio Internacional Identificación, Identidad y Vigilancia en América Latina


Dando continuidade ao primeiro Simpósio Internacional Vigilância, segurança e controle social na América Latina, e às atividades da Rede de Estudos sobre Vigilância e Visibilidade na América Latina, fundada após o evento, na cidade de Curitiba, ocorrerá em março de 2010, na Universidade Autônoma do Estado do México, cidade de Toluca, o "Simposio Internacional Identificación, Identidad y Vigilancia en América Latina".

A chamada de trabalhos está aberta até 30 de outubro de 2009:

Call for Papers

International Symposium

“Identification, identity and surveillance in Latin America”

University of the State of Mexico

Faculty of Politics and social studies

Toluca, Estado de México, México

March 16th, 17th and 18th 2010

Introduction

In modern societies, identification systems have been used as an important mechanism to govern, manage, classify and control populations; in other words, to surveil them. This has meant the employment of certain technologies (passports, national identity letters, RFID, among others), providing interconnected data base systems with information according to specific institutional protocols. In this way, we define identification as visibility and verification of specific details of people’s lives. Likewise, these identification systems have responded to various functions: security, migration control, goods and service administration, as well for territory, space and group access.

The historical, social and politic contexts shape the particular purposes to which each identification system responds. Large-scale surveillance systems to identify the population have been installed in Latin America after decades of colonial, military and single-party governments In addition they have been prompted by increasing multiculturalism in cities, Population growth, migration rates, the perceived rise in terrorism, public security and health risks, as well as the creation of public policies (to aid poverty and unemployment) and globalization.

These conditions have caused the harmonization and articulation of corporations, institutions, technologies and specific protocols for citizen identification in Latin American countries, , depending on each country or region’s particular situation, and its relationship with other regions worldwide. Nevertheless, the Latin American environment allows us to consider the construction of privacy, identities, forms of government and the possibility of resistance policies.

paper proposals

In line with this analytic framework, the University of the State of Mexico, Faculty of Politics and Social Studies, hereby invites scholars, analysts and activists in Latin America and worldwide, interested in identification and surveillance, in relation to such matters as cultural or ethnic identities, privacy and data protection, new identification technologies (biometrics, RFID, etc), public policies, security, communication, ethics, law, or modes of critique or resistance; to participate in the International Symposium “Identification, identity and surveillance in Latin America”, by sending a lecture proposal.

Please send an abstract, 300-500 words long, Arial 12, space line 1.5, to the following e-mail: surveillance.studies.mexico@gmail.com, before October 30th 2009. Due to the nature of this event, the abstracts and papers are to be accepted in Spanish, Portuguese and English.

Note: There is no registration fee for this event. All participants are expected to seek their own funding for travel and accommodation. A number of rooms will be reserved with reasonable rates in a nearby hotel. More details to follow.

Main subjects

1. Governmental and corporative policies of identification

2. New technologies for identification and surveillance.

3. Purposes of identification systems in Latin America.

4. Communication and information technologies.

5. Privacy and transparency.

6. Identification, identities and subjectivities.

7. Relationship between global and local, in identification systems.

8. Postcolonial logics and political regimes.

9. Identities, surveillance and resistence.

10. Identification, identity and surveillance in Latin America: new theories?

Important Dates

Call for Papers Publication: July 30th 2009.

Abstract reception deadline: October 30th 2009.

Accepted lectures list publication: December 15th 2010.

Complete paper remittance deadline: February 15th 2010.

Complete program publication: February 28th 2010.

Second Symposium on surveillance in Latin America: March 16th, 17th y 18th 2010. University of the State of Mexico, Faculty of Politics and Social Studies. Toluca, México.

Organizing Committee

Nelson Arteaga Botello

Roberto J. Fuentes Rionda

Faculty of Politics and Social Studies

University of the State of Mexico

Rodrigo Firmito

Postgraduate Program in Urban Management

Pontifical Catholic University of Parana, Curitiba, Brazil

Fernanda Bruno

Postgraduate School of Communication

Federal University of Río de Janeiro, Brasil

Marta Kanashiro

Further Studies Laboratory of Journalism and Knowledge, Technology and Market Group

University of the State of Campinas (UNICAMP), Campinas, Brasil.

Danilo Doneda

De Campos Faculty of Law, Rio de Janeiro, Brasil

André Lemos

Federal University of Bahia, Brasil

With the support of:

David Lyon

Queen’s University, Kingston, Ontario, Canada

David Murakami Wood

Global Urban Research Unit, Newcastle University, UK

Proposal reception, Information and Contact

surveillance.studies.mexico@gmail.com


domingo, 6 de setembro de 2009

Technologies de surveillance...ou de discrimination?

Artigo sobre as implicações sociais, políticas e econômicas da vídeo-vigilância, por Jean-Marc Manach. Dentre as questões e os temas abordados pelo autor: os limites entre proteção e discriminação; as linhagens históricas dos instrumentos de controle social; a passagem do regime panóptico à vigilância distribuída (neste ponto, o autor faz referência a artigo de minha autoria publicado na Wi); a cultura da insegurança e do risco; a falta de evidência quanto à eficiência da vídeo-vigilância no combate ao crime; a rentabilidade das indústrias de segurança.

domingo, 30 de agosto de 2009

Dan Graham - Present Continuous Past(s)

Está acontecendo até outubro uma exposição sobre a obra de Dan Graham no WhitneyMuseum of Americam Art. Graham é um dos artistas contemporâneos mais interessantes para pensar visibilidade, vigilância e subjetividade.


Gosto particularmente da instalação Present Continuous Past(s) (1974), que consiste numa sala com 2 paredes espelhadas e uma parede com uma câmera de vigilância onde também se encontra um monitor que exibe a imagem capturada pela câmera com um delay de oito segundos.
O espectador, assim que entra na sala, percebe a sua imagem nos espelhos e também no monitor, que num primeiro momento assume uma função especular. Alguns minutos depois, percebe-se que a imagem projetada está ligeiramente “atrasada” em relação ao presente, frustrando a ‘expectativa’ ou a suposição da transmissão em tempo real da câmera-espelho. Essa fratura na temporalidade da imagem frente ao seu ‘referente’ cria também uma fratura na espacialidade da imagem e dos corpos presentes, dissociando o espaço da imagem projetada no monitor, o espaço dos corpos presentes e o espaço das imagens da sala reproduzidas em cascata nos espelhos. O espectador habita esse tempo e esse espaço fraturados e neles experimenta um feedback específico, distinto daquele que vigora na videovigilância habitual, e que se dá entre a imagem de seu passado recentíssimo e a sua ação presente, que logo se torna imagem ressurgida do passado afetando mais uma vez o presente-futuro e assim sucessivamente.
A instalação convoca assim uma experiência do tempo e do espaço, da imagem e do corpo, da percepção e da memória, da observação e da auto-observação, em que os efeitos psíquicos e subjetivos da videovigilância se tornam sensíveis, presentes, mas ao mesmo tempo deslocados de suas funções habituais.

sábado, 29 de agosto de 2009

Vídeo 360 graus: tempo e vertigem

Para mim é inteira novidade esse vídeo em 360 graus com controle do ângulo pelo usuário. Assim como ainda me é estranha a experiência de 'navegar' por essa imagem. O que já estamos relativamente acostumados a ver na fotografia vale agora para o vídeo também. A estranheza, ao menos na primeira visada, parece provir de uma tensão temporal: o tempo estável do arquivo contrastando com o tempo real e móvel do controle sobre a imagem. Mas essa tensão temporal logo desencadeia, ao menos aos meus olhos ainda desacostumados a esse giro sobre o vídeo, uma experiência espacial próxima à vertigem, como se o tempo real da navegação e variação do ângulo sobre a imagem em movimento conferisse a ela uma abertura relativamente inesperada. Curioso ainda notar o caráter provisório dessas observações, válidas tão somente para essa hora de descoberta.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Wi Journal of Mobile Media: comunicação e mobilidade no Brasil

Acaba de ser lançado o número especial da revista eletrônica canadense Wi - Journal of Mobile Media, organizado por André Lemos e Fabio B. Josgrilberg. O tema é Comunicação e Mobilidade no Brasil. Colaborei no número com o artigo Distributed Surveillance: Video, Monitoring and Mobility in Brazil. Vejam o sumário completo abaixo.

MOBILE COMMUNICATION: THE BRAZILIAN PARADOX
By Eduardo Campos Pellanda

Cell phones are one of the icons of the post-modern age because they represent many possibilities converged in one single device. They connect people, and at the same time, they are used more generally to organize life through textual, audio and video platforms...

LOCATIVE MEDIA IN BRAZIL
By André Lemos

Paradoxically, mobility media are localization media. It is interesting to note that locative media, which emphasize places, are furnished by mobility technologies that combine devices (laptops, smart phones, PDA and...

RISKY APPROXIMATIONS BETWEEN SITE-SPECIFIC AND LOCATIVE ARTS
By Lucas Bambozzi

I'd like to address the term 'site' as a field of semantic migrations, as migrations that occur due to cultural dislocations, linguistic operations, technological influences, poetic licenses or theoretical digressions.

"WE ARE AS WE MOVE ON": MOTOBOYS ICONOMIC EVOLUTION IN SÃO PAULO
By Gilson Schwartz

Man is born free, and everywhere he is in chains. Many a man believes himself to be the master of others who is, no less than they, a slave. How did this change take place? I do not know. What can make it legitimate?

MULTIFACETED COMMUNICATION PROCESSES: WHICH THEORIES?
By Lucia Santaella

In the South American context, especially in Brazil, the main theories adopted by scholars of communication studies for decades have been the critical theories rooted in the Frankfurt School, ?

DISTRIBUTED SURVEILLANCE: VIDEO, MONITORING AND MOBILITY IN BRAZIL1
By Fernanda Bruno

Surveillance and mobility have historically maintained close relations: the demarcation of borders and territorial protections, the control of migration and the flow of people, goods, diseases etc. all represent ancient lineages of the intersections between these two processes (Salter & Zureik,...

MOBILE TECHNOLOGIES AS PRODUCTION PLATFORMS IN BRAZILIAN JOURNALISM
By Fernando Firmino da Silva

Mobile communication studies have expanded from within various disciplinary areas (in sociology, communication, cyberculture and cultural studies, for example), instigated by they way that practices arising from the emergence of new digital mobile technologies1 and wireless connection...

WIRELESS INTERNET ACCESS: THE SAME OLD PROBLEM AND THE CITY?S NEW AGENDA
By Fabio B. Josgrilberg

Over the last few years, the provision of wireless broadband internet access has become part of governmental agendas at all levels, and in many different locations (Middleton & Crow, 2008). This inclusion of yet another 'new technology' on the political agenda, however, belies...

CLOUDS OF OPEN CONNECTION: OPEN SPECTRUM, DIGITAL TELEVISION AND DIGITAL INCLUSION
By Sergio Amadeu da Silveira

Low income communities and individuals in Brazil are now grasping the importance of the Internet. The boom in blogs and user-friendly databases worldwide have greatly expanded hypertextual writing and the production of news and information across the web. Even television programs disseminate...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

ANAIS: Simpósio Internacional Surveillance, Security and Social Control in Latin America


É com grande prazer e satisfação que informo a publicação dos Anais do Simpósio Internacional Surveillance, Security and Social Control in Latin America. Parabéns a todos os autores e adradecimentos especiais ao Professor Rodrigo Firmino (PUC-PR), que se ocupou do árduo trabalho de revisão dos textos e publicação dos Anais. Todos os textos apresentados no Simpósio estão disponíveis on-line, segundo os mesmos campos temáticos das mesas de trabalho.

domingo, 12 de julho de 2009

O olhar do outro, a imagem, o ver em comum: notas a partir de M-J. Mondzain


Informei nesse blog a conferência que Marie-José Mondzain fez no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Partilho aqui breves notas e pensamentos rápidos mobilizados pela conferência. Um dos pontos ressaltados por Mondzain é a dimensão fundamental, no sentido forte, do olhar do outro na constituição da subjetividade. Ressalta que na ausência do olhar do outro e do espectador, resta a barbárie. A privação de todo olhar é mortal. A atenção a esse ponto me foi cara, pois embora essa seja uma perspectiva bastante familiar e há muito reiterada seja pela filosofia, pela antropologia e pela psicanálise, a intensificação do comércio dos olhares nas indústrias contemporâneas da visibilidade acabou por mobilizar perspectivas que enfatizam a dimensão seja narcísica, seja voyeurística, seja vigilante, seja puramente comercial deste olhar. Realçar o caráter produtivo, criativo e subjetivante do olhar do outro e do homo spectator é, pois, essencial na busca de pistas para resistir ao mercado da troca de olhares que vemos graçar nos ambientes midiáticos, passados e recentes.
Uma pista, fornecida por Mondzain, reside na questão, importantíssima, acerca das possibilidades do ver em comum. De um olhar cujo sujeito não é um eu, mas um nós. Da imagem que dá a ver e a pensar em comum. Mas esse ver em comum não se confunde com o corpo único de espectadores produzido (sempre como ilusão) pelas mídias de massa (e também pela propaganda fascista). A partilha do olhar e pela imagem precisa de tempo, precisa dar tempo. Esse tempo é o necessário para haver palavra, digo, logos. Só se pode ver junto, em comum, o de que se pode falar junto.
Vejo aqui uma trilha aberta e fértil para pensar a profusão de imagens, olhares e falas na paisagem audiovisual contemporânea, das mídias aos ativivsmos e às artes. A ver e pensar.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Google Street View no Brasil





Um dos dispositivos mais interessantes e inquietantes de visualização do espço urbano, o Google Street View, inicia as suas atividades no Brasil, fotografando as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Já escrevi brevemente sobre o dispositivo, explorando um de seus usos, que despontou logo após o seu lançamento em sites na Internet que publicavam flagrantes casualmente flagrados pelas câmeras da Google, mas cuidadosamente encontrados pelos seus 'usuários' por meio de um voyeurismo controlado sobre a imagem, realizando um striptease do espaço urbano.
Mais recentemente, na minha fala no Colóquio Internacional sobre Cinema, Percepção e Tecnologia, apresentei o que até então vi como uma das apropriações mais interessantes do dispositivo. Trata-se do Street With a View, um trabalho de dois artistas de Pittsburgh que, ao saberem que a Google iria fotografar a cidade, convidaram os moradores a encenar uma performance para ser registrada e visualizada no Google Street View. Rasteira aguda e bem humorada no que pode haver de vigilante e voyeurístico no dispositivo, e também no impluso participativo que vemos se fazer cada vez mais presente na vigilância contemporânea. Entrando no dispositivo pela porta dos fundos, a cidade reinventa um regime de visibilidade e injeta na funcionalidade do Google Streat View um ready made urbano, entre o real e o ficcional.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Colóquio Internacional Cinema, Tecnologia e Percepção

Começou ontem o Colóquio Internacional "Cinema, Tecnologia e Percepção", que será realizado de 30/06 a 02/07 no MAM. Recomendo vivamente a participação neste colóquio. Vejam a programacão no site. Falo no dia 02/07, quinta-feira, na mesa O novo bioscópio: cinema, realismo e autoficção.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

HOMO SPECTATOR


Nesta nesta terça-feira, 30 de junho, às 10:00h, no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, será realizada a conferência de Marie José Mondzainon sobre seu livro “Homo Spectator". Recomendo muitíssimo esta conferência. Mais dados sobre a autora abaixo.
A conferência será no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ - Salão Moniz de Aragão
Endereço: Av. Pasteur, 250 / 2º andar - Urca - RJ (esquina com Av. Venceslau Brás)
Informações: 2295-1595 / Ramais: 109, 113 e 11 ou www.forum.ufrj.br
** Haverá tradução paralela

Marie José Mondzain, uma das mais destacadas pesquisadoras de imagem da atualidade, está no Brasil para participar do “Colóquio Internacional Cinema, tecnologia e Percepção: novos diálogos”. Este evento, que será realizado no MAM entre os dias 30/06 e 02/07, é uma realização conjunta dos Departamentos de Cinema e Filosofia Universidade Paris VIII, e dos Programas de Pós-graduação em Comunicação da UFF, UFRJ, UERJ e PUC-RJ, com apoio do CNPq, CAPES e FAPERJ (falarei deste Colóquio num próximo post).

Sobre Marie José Mondzain:
Professora da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), diretora de pesquisas no CNRS, membro do Conselho Científico do Collège International de Philosophie e diretora do grupo de pesquisas “Observatório das Imagens Contemporâneas”. Colabora regularmente com realizadores de cinema e diretores de teatro, artistas de circo e do campo da fotografia. Dedica-se à análise da imagem e das produções visíveis como problema específico da filosofia em suas vertentes especulativas e políticas. A partir de una pesquisa histórica e filológica no período bizantino até a crise do iconoclasmo, estuda a problemática do visível e o estatuto da imagem até a época contemporânea, incluindo as novas tecnologias da imagem. A fim de identificar efeitos de continuidade e ruptura na administração das visibilidades, examina as diversas etapas a partir da Idade Média e a Renascença até os inícios do século XXI.

Bibliografia:
1982 : Du Visage (ouvrage collectif) Presses universitaires de Lille

1989 : La Chapelle Sixtine (ouvrage collectif) Ed. Citadelles

1989 : Nicéphore 1er, patriarche de Constantinople, traduction, présentation et note de MJ Mondzain, Ed Klincksieck

1995 : L'image naturelle, Ed le Nouveau Commerce

1996 : Image, icône, économie: les sources byzantines de l'imaginaire contemporain, Éd. du Seuil,

1996 / Van Gogh ou La peinture comme tauromachie, Ed l'Épure

1997 : Cueco: dessins, Ed Cercle d'art

1999 : Transparence, opacité ? Ed Cercle d'art

2002 : L'image peut-elle tuer ? Ed Bayard

2003 Voir ensemble (ouvrage collectif) Ed Gallimard, 2003

2003 : Le commerce des regards, Ed. du Seuil

2004 : Qu'est-ce que voir une image ? "L'université de tous les savoirs-la suite"

2006 : L'arche et l'arc-en-ciel: Michel Ange, la voûte de la chapelle Sixtine , Ed le Passage

2007 : Homo spectator, Ed Bayard

2008 : Qu'est-ce que tu vois ? Ed Giboulées-Gallimard jeunesse


Para assistir uma conferência (Qu'est-ce que voir une image ?) de Marie-José Mondzain:
http://www.canalu.tv/canalu/producteurs/universite_de_tous_les_savoirs/dossier_programmes/les_conferences_de_l_annee_2004/image_fixe_image_mouvante/qu_est_ce_que_voir_une_image

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Interfaces tecnológicas, corpo, imaginário e dispositivos de controle

Nesta quinta, dia 25 de junho participo do Colóquio Interfaces tecnológicas, corpo, imaginário e dispositivos de controle na Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro. Trata-se do quarto evento da série Resistência e Criação: Mídia, Cultura e Lutas no Capitalismo Cognitivo. Vejam a programação abaixo:

"Série de colóquios em parceria da FCRB com a Escola de Comunicação da UFRJ e com a Universidade Nômade. Tem como objetivo discutir as interfaces entre cultura e mídia no capitalismo cognitivo, com ênfase nos conflitos aí presentes e nas possibilidades abertas pelas lutas multitudinárias na construção do comum. Serão tratados temas tais como bioeconomia, trabalho imaterial, direitos autorais e novas políticas culturais."

Organização: Fábio Malini (UFES), Giuseppe Cocco (Universidade Nômade), Henrique Antoun (UFRJ), Ivana Bentes (UFRJ), Lia Calabre (FCRB), Mauricio Siqueira (FCRB)

quinta-feira, 25 de junho, às 14 horas

IV Colóquio:
:: Interfaces tecnológicas, corpo, imaginário e dispositivos de controle
Fernanda Bruno (ECO/UFRJ)
Gerardo Silva (LABTEC/UFRJ)
Paula Siviglia (UFF)
Erik Felinto (UERJ)

Sala de Cursos
Entrada Franca
Informações: 3289 4636