Um pouco de poesia para os olhos e o pensamento.
O GUARDADOR DE REBANHOS, Alberto Caeiro
XXIV - O que Nós Vemos
O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seriam iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.
2 comentários:
leminski:
"ver é violento
que golpe aplicar no vento?"
estou bem no meu esqueleto de tese.
dia 09 cf.?
bj
p
Adorei o Leminski. Sim, confirmadíssimo e, sim, pode e deve convidar pessoas afins para discutir. Nos encontraremos em uma das salas da pós, mas devo estar no IDEA antes ok?
beijos, my dear orientanda ;-)
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