terça-feira, 29 de julho de 2008

TEAROOM


Uma dica preciosa do Marcos Martins (obrigada!!), o filme Tearoom, de William E. Jones (16 mm, 56 min, 1967/2000), realizado com imagens de arquivo de uma câmera de vigilância instalada pela polícia de Mansfield, Ohio, num banheiro público masculino no verão de 1962. Ao longo de três semanas, olhos policiais escondidos numa cabine testemunharam o sexo clandestino de inúmeros homens, produzindo provas que os condenaram à prisão por pena mínima de um ano como sodomitas. Alguns desses homens teriam se suicidado após a condenação. O filme de Jones edita essas imagens de arquivo com um mínimo de intervenção. No site é possível ver alguns stills do filme e cenas da ação policial. Imagens cuja força reside no lugar intermediário e incômodo em que se situam, entre o voyeurismo e a vigilância, entre a pornografia e o controle policial, entre o sexo marginal e a prova jurídica. Imagens plasticamente toscas, sem foco, granuladas, "poluídas" (para usar o termo do próprio Marcos), e cuja trajetória também merece atenção: da sexualidade periférica nos banheiros sujos da América nos anos 1960 sob os olhos policiais-voyeurísticos ao estatuto de evidência para a ordem jurídica e prisional até o documentário contemporâneo. Trajetória que inscreve uma atualidade, fazendo notar que uma série de aspectos estéticos e biopolíticos presentes no filme ressurgem hoje em novos contextos, formatos, propósitos. Trato de algumas dessas questões no texto Estéticas do Flagrante.
ps: não consegui achar o filme, se alguém conseguir ou tiver uma pista, agradeço.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse vídeo não mostra o filme, mas mostra a ideia de como a coisa acontecia (como a câmera foi escondida, por exemplo):
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0qtLtRRqITU

Carlos Miranda disse...

Fabiana Bruno, lendo seu livro "Máquinas de ver" encontrei o filme Tearoom de William E. Jones.
Fiz o download. Se ainda tiver interesse posso enviar para você, por um disco virtual ou outra recurso qualquer. Vou compartilhá-lo no Vimeo para acesso restrito.
Gostei muito do seu livro e pode me ajudar muito na minha pesquisa que, por coincidência tem o mesmo nome do Livro.
Carlos Miranda