domingo, 31 de agosto de 2008

iPhone and Mobile Surveillance


Mais um gadget no ramo da mobile surveillance. Dica da Paola, em comentário ao post anterior: aplicativo para iPhone permite controle de câmeras de vigilância à distância. Mais detalhes no blog da Lextech e em vídeo no YouTube.

GPS, celulares e redes de vigilância sem fio


É patente a ampliação dos investimentos em sistemas de vigilância no Brasil tanto no setor público quanto privado e as empresas não cessam de lançar produtos e "novidades" ainda inéditas aqui, mas já familiares em diversos países. A empresa Veotex lança no Brasil dois novos meios de monitoramento, ambos via celular. O primeiro é um GPS que transmite imagens em tempo real do carro monitorado através da rede de telefonia celular. Câmeras instaladas no carro enviam as imagens pelo chip de celular. Um vídeo no YouTube apresenta o funcionamento do GPS. O outro produto é voltado para o monitoramento de vias públicas através de redes sem fio e a novidade é a transmissão das imagens das câmeras pelo telefone celular. O mesmo sistema prevê a instalação de câmeras de monitoramento urbano em carros, permitindo assim um monitoramento ou vigilância móvel da mobilidade urbana (via O debate).

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Educação e Vigilância

Mais uma escola brasileira investe em sistemas de vídeo-vigilância para monitorar alunos e garantir a preservação de equipamentos. Nas escolas estaduais de Foz do Iguaçu, os próprios pais não apenas autorizam como ajudam a pagar a instalação de câmeras de vigilância. Lamentável. Via G1.

sábado, 23 de agosto de 2008

Eyes

Imagens da sessão "Eyes" da exposição “Wunderkammer: A Century of Curiosities”, no MoMA.

John Bock, 2002/MoMA


Rodolfo Abularach, Ojo Enigmatico I, 1969/MoMA


Man Ray, Indestructible Object (or Object to Be Destroyed), 1964, MoMa


Odilon Redon, L'Oeuf, 1885/MoMA

Magritte


René Magritte, Les Amants

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

BMW Security


Última versão de segurança máxima do BMW (X5 Security), blindado de fábrica e com inúmeros sistemas de proteção a balas e outras ameaças do pobre mundo, inclui câmeras de vigilância nos pára-choques dianteiro (duas) e traseiro (uma), permitindo ao motorista monitorar o que acontece do lado de fora do seu automóvel-bunker.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vigilância robótica em Pequim


O imenso e variado aparato de vigilância montado para os Jogos Olímpicos de Pequim conta com o auxílio de 16 robôs vigilantes, programados para inspecionar as zonas de acesso interditado e prevenir as autoridades em caso de invasão dos territórios proibidos (via Innovation). Os autômatos são fabricados pela Robowatch Technologies e para quem gosta de robôs e/ou de vigilância, vale uma visita ao site.

sábado, 16 de agosto de 2008

Cartografia e vigilância (1)


Mapamundi, Battista Agnese,Veneza, 1540

Tenho pesquisado sobre as relações entre a cartografia e a vigilância, que são tão antigas quanto variadas. No âmbito visual, os mapas (especialmente aqueles que se inserem na tradição das Imago Mundi) encarnam uma perspectiva de sobrevôo, cara ao olhar vigilante e suas múltiplas figuras míticas ou históricas. Olho de Deus, Ícaro, pássaro, esta visão cartográfica é suficientemente distante e alta para abarcar uma 'totalidade' qualquer, sendo 'pan-optica' por excelência. Não por acaso, os mapas são decisivos na arte da guerra e das conquistas territoriais, demarcando e materializando fronteiras. A partir do século XVII, essa visão cartográfica é inclusive associada à "perspectiva militar ou cavalière" (Comar, 1992), designando um olhar global a partir do qual a ordem é lisível em detalhe e onde a invisibilidade do todo se inscreve na visibilidade do plano.
O mapa e a perspectiva cartográfica como dispositivos de controle e vigilância do território não se restringem, contudo, ao domínio visual, sendo importantes imagens da razão científica moderna e sua ordem representacional, ainda que de forma menos direta. Em tal ordem, a visão-idéia clara e distinta do mundo é tributária de um olho cognoscente que se coloca à distância e em sobrevôo (como diz Husserl a propósito da razão cartesiana). Segundo essa perspectiva, a verdade do mundo só é visível pela representação, mais clara no plano cartográfico do que nas dobras e confusões do corpo a corpo com o mundo. A racionalidade científica moderna confunde-se com a racionalidade cartográfica, como nos mostram o Astrônomo e o Geógrafo de Vermeer. Além disso, a projeção cartográfica, o mapa convencional, simula uma perspectiva apreendida ao mesmo tempo de todos os ângulos e de lugar nenhum, fazendo o pan-optico e o sinóptico conviverem, representando uma ordem supostamente neutra segundo a qual o mundo se oferece como um objeto estável de conhecimento, supervisão, inspeção, controle, domínio.

Geógrafo, Vermeer, 1668
As linhagens etimológicas também cruzam o ato de vigiar à produção de mapas, especialmente explícito na palavra "survey", que vem do latim supervidere (super-visão) e que a partir do século XVI passa a significar também o ato de produzir mapas. Essa descoberta eu devo a um post do André Lemos (que aliás tem escrito e exercitado ótimas coisas sobre mapas); diz ele:
"Lendo sobre mapas e cartografias (ver, por exemplo, "The World Through Maps, A History of Cartography", de John Short), é comum ver associado o ato de produzir mapas com "surveying", que está diretamente ligado a "surveillance", ou seja, mapas como representação de um determinado olhar. Como explica Short, "survey began to mean a mapping exercice"... "Survey" em português tem o sentido de "relatório", "enquete", "exame"... Trata-se, mais precisamente, de uma forma de "olhar atenciosamente para algo" ou de "examinar dados de áreas" ou "construir mapas".

Por fim, uma agradável descoberta que ainda preciso checar com mais calma e cuidado, mas que já vale ser mencionada, embora não toque no tema da vigilância. Ao que parece, vem da nossa língua portuguesa a palavra cartografia (que reúne o latim charta (folha de papel) e o grego graphein (escrever, pintar, desenhar), e surge tardiamente no século XIX. Segundo Beatriz Bueno (2004), o neologismo teria sido inventado pelo historiador português Manoel Francisco de Barros e Sousa (1791-1865), II visconde de Santarém, e redigido numa carta de 8 de dezembro de 1839 endereçada ao historiador brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen, em que diz – ‘invento esta palavra, já que aí se tem inventado tantas’”. (Ávila, 1993, p. 110 apud Bueno, 2004).

Brasil, Miller Atlas, 1519

Referências:
Comar, P. La perspective en jeu. Paris: Découvertes-Gallimard, 1992
Buci-Glucksmann, C. L'oeil cartographique de l'art. Paris: Galilée, 1996.
Bueno, B. P. S. "Decifrando mapas: sobre o conceito de "território" e suas relações com a cartografia" in Anais do Museu Paulista, USP, n. 12, 2004.
Short, J. S. The World Through Maps: A History of Cartography. Firefly Books, 2003.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

12 seconds: video microblogging


Seguindo o sucesso dos microblogs (twitter, jaiku etc) - o cotidiano constantemente publicizado em 140 caracteres por mensagem - surge o 12seconds.tv, um microblog em vídeos de 12 segundos, como diz o nome. Vejam matéria da Tecnhnology Review sobre o novo serviço.

Monitoramento na rede


Matéria do LATimes trata de monitoramento do comportamento de usuários pela Google. A novidade é que esse monitoramento não se retringe aos movimentos no interior dos serviços Google, mas se estende aos "sites afiliados" (obrigada Marcelo!).

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sat.land


Uma das vias contemporâneas de reordenação do visível reside em nosso acesso cada vez mais corrente a imagens de satélite a partir de dispositivos como GPS, Google Earth e diversos GIS (geographic information systems). Tais imagens nos colocam numa perspectiva de sobrevôo antes restrita a deuses, máquinas ou experts do ramo científico ou militar. Ao mesmo tempo, tais imagens nos chegam a partir de um olho satélite em larga escala invisível, constituindo jogos diferenciados entre visibilidade e invisibilidade. Nesses jogos há uma série de aspectos estéticos, políticos, militares e cognitivos a serem explorados.
Lendo sobre essas questões, descubro o filme sat.land (10:40 min, 35mm), de Martin Heckmann. Abaixo, uma entrevista com o realizador do filme:

Interview by Michal Hoge for
www.defekt.cz January 2008
How did you strike concept or idea about sat.land film?
It was during the second gulf war, that more and more satellite images appeared in the media. Mainly from weapon facilities in Iraq or disaster areas after the tsunami. I was fascinated by the nature of these images: they are abstract in one way and documents of reality in another way.
The perspective is sublime. Like “god contemplating his work”, and also like a child’s view on a sandbox. And I was alienated about myself: to look from an aesthetic point of view on these documents of suffering. So I decided to work something out that reflects these different layers of
reception.

Was it difficult for you to get the satellites shots?
The images in the beginning of the movie are from NASA’s Landsat and they completely free to download for everyone: http://landcover.org The resolution is 1px=30m, so you won’t see any cars or smaller buildings. The images later in the movie (from villages and cityscapes) are commercial (=expensive) high resolution images from the Quickbird satellite. The resolution is 1px=0,6m. I worked out an agreement with the company distributing those pictures in Germany. They received other satellite image animations from me for their presentations at fairs.

How often do you use animation in the sat.land film?
The whole film is animated. There is a base layer of images from different parts of the world, stitched together and then animated to one seamless flight. As soon as villages and roads appear I animated cars on the roads and some airplanes in the air.

Why did you choose these concrete locations?
Because they are connected by the “war against terror” anyway. And the place where the satellite crashes is the house of my parents in a suburb of Hamburg. So the big world out there is connected with my small world also!

Can you say something about the sound scape in this film?
The Belgian musician Yves De Mey did the sound for this film. http://eavsilence.blogspot.com It is done in Dolby Digital Surround and Yves derived most of the complex electronic sounds from some simple guitar chords. The idea was to have an atmosphere where you can’t say of which
origin the sounds are. And to develop the sound like the film does: from very pure and simple desert landscapes to complex and chaotic city structures. Until the crash.

Do you think that there is the danger at this time of Orwell / Big Brother is still watching you?
I must admit: I am ambivalent in this matter. On one hand I see the dangers of surveillance and
the technical evolution in general but on the other hand I do love machines! And I like satellite images...But as the satellite crashes at the end of sat.land movie, I believe that all those machines are always imperfect. We love and we fear the idea of perfection but we won’t get there. Ikarus never reaches the sun but crashes in the end.
(The reprint of this interview appears
with kind permission of defekt.cz)

Estéticas da suspeita



Recentemente, na entrada de um centro empresarial do Rio de Janeiro, fui surpreendida pelo procedimento de segurança do local, que além das habituais checagens de documentos e fotografias dos rostos dos clientes, expunha tais fotos num monitor situado logo após as roletas eletrônicas. A sensação imediata é a de estar vendo retratos de procurados ou de desaparecidos, o que confere ao lugar uma atmosfera policial. Os sistemas de segurança e vigilância que investem em práticas de suspeição generalizada criam também as suas estéticas da suspeita.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Golden Shield da China, por Naomi Klein


Artigo de Naomi Klein sobre o estado de vigilância na China, segundo ela, o totalitarismo 2.o:

"Com a ajuda de empresas norte-americanas, a China está construindo o protótipo do totalitarismo high-tech para exportação. ... Nos próximos três anos, executivos de segurança da China prevêem que 2 milhões de CCTVs serão instaladas em Shenzhen, tornando-a a cidade mais vigiada do mundo (maníaca por segurança, Londres tem apenas meio milhão de câmeras de segurança).
As câmeras formam apenas uma parte de um programa muito mais amplo de vigilância e censura conhecido na China como “Escudo Dourado” (Golden Shield). O objetivo é usar o que há de mais moderno em tecnologia de rastreamento pessoal – fortemente abastecida pelas gigantes americanas IBM, Honeywell e General Electric – a fim de criar uma espécie de casulo consumidor cuidadosamente selado: um lugar onde cartões Visa, tênis Adidas, celulares da China Mobile, Mc Lanches Feliz, cerveja Tsingtao possam ser aproveitados sob o sempre vigilante olho do Estado, sem a ameaça da democracia."

terça-feira, 5 de agosto de 2008


Fundamental continuar divulgando a petição on-line pela defesa da Internet no Brasil e contra o projeto do Senador Azeredo. A petição já ultrapassou 100 mil assinaturas.

Etimologias

Vigiar, vigia e vigilância: vigeo = estar em vigor, desperto, estar muito vivo ; vigilare = estar atento, vigiar.

Vídeo: video = ver; por extensão = olhar, ir ver (visio) e, de modo geral, aperceber-se.
Passivo - videor = ser visto; parecer, assemelhar-se (daí o impessoal videtur = parece).
Derivados: visium = visão, aparição (sentido concreto), sonho; na língua filosófica, traduz o grego phantasia. Visor; visio = visão (abstrata e concreta), vista, faculdade de ver; ponto de vista (gr: theoria). Visus = vista, (sentido ativo e passivo) faculdade de ver ou ser visto (no sentido concreto ou abstrato), aspecto, aparência.
Compostos: per-video = ver a fundo, distintamente (substituto de perspicio); provideo = ver previamente, prever; providenciar; conhecer previamente, tomar precauções (providens, providenter, providentia); improvidus = imprevidente; improvisus = imprevisto.

Fontes: Ernout, A. & Meillet, A. Dictionnaire Étymologique de la Langue Latine. Paris: Ed. Klincksiek, 1994, 4a. ed.; Corominas, J. & J. A. Pascual. Dicionario Crítico etimológico Castellano e Hispánico. Madrid: Gredos, 1983.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Privacidade nem no deserto


"Avec la technologie des images satellites aujourd’hui, une vie vraiment privée est impossible, même dans le désert."
Frase nada surpreendente hoje, sobretudo se vinda do Google, como parte de sua resposta jurídica à queixa de um casal que teve a sua casa capturada pelas câmeras do Google Steet View. O casal não apenas requereu o apagamento da imagem, "direito" já concedido pelo Google mediante solicitação, mas também uma indenização por "sofrimentos mentais e desvalorização da propriedade". Prossegue a Google: "
Quoi qu’il en soit, les plaignants ne vivent pas dans le désert et sont loin d’être des ermites. », conforme matéria do Écrans.

domingo, 3 de agosto de 2008

Keep moving!!



The Anti-Sit Archives: impressionante arquivo de fotos de todo tipo de pinos, trilhos, ferrões usados para impedir que as pessoas se sentem em mobiliários do espaço público de Nova Iorque (via Panel de Control).
O controle pela mobilidade, impedindo pausas, ócios, ocupações, encontros e experiências do espaço público que não caibam no ritmo acelerado e finalizado da cidade que, literalmente, não pode parar. Na cidade que nunca dorme também não se pode sentar ;-).


sábado, 2 de agosto de 2008

Laptops sob suspeita


Os agentes federais da alfândega americana podem agora apreender o laptop e qualquer outro dispositivo eletrônico dos viajantes por período indeterminado e fazer buscas em seus arquivos, e-mails etc. Para tanto, não é necessário nenhuma razão ou suspeita específica nem justificada. Basta querer. E ainda estão autorizados a partilhar os conteúdos encontrados com outras agências públicas ou privadas para fins de tradução, decodificação etc.
Conforme matéria do Washington Post:
"The policies state that officers may "detain" laptops "for a reasonable period of time" to "review and analyze information." This may take place "absent individualized suspicion."
The policies cover "any device capable of storing information in digital or analog form," including hard drives, flash drives, cell phones, iPods, pagers, beepers, and video and audio tapes. They also cover "all papers and other written documentation," including books, pamphlets and "written materials commonly referred to as 'pocket trash' or 'pocket litter.'"
Sobre o mesmo tema, ver post do Threat Level.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mais 500 câmeras no Rio


Até o fim desse ano, 500 câmeras de vigilância utilizadas nos Jogos Pan Americanos de 2007 serão incorporadas às vias públicas do Rio de Janeiro, somando-se às 220 já existentes. No total, serão 720 câmeras em toda a cidade. A matéria é do Globo online. Sobre o monitoramento por câmeras no Rio, ver esse post.