segunda-feira, 30 de julho de 2007

Câmeras-objeto

(Web)Câmeras-Objeto no projeto Variable_environment: mobility, interaction city and crossovers. O projeto, que inclui diversos trabalhos, disponibiliza seu Relatório de Atividades. Trechos e imagens sobre as "(Web)Câmeras":

"VARIABLE_ENVIRONMENT/"'S RESEARCH RESULT: Les (Web)Caméras

Projet par Aude Genton
-

"Les quatre objets (Web)Caméras issus de ce projet soulèvent la problématique de la quasi permanence dans notre environnement quotidien de systèmes de captures d’images (caméras de surveillance privées et publiques, appareils photo et vidéo, téléphones portables, webcaméras, bientôt consoles de jeu portables dotées de caméras, etc.), de logiciel(s) d’analyse d’images, et donc d’ordinateur(s). Par ailleurs, la logique de notre projet, le choix des technologies avec lesquelles nous travaillons et la thématique elle-même induisent l’utilisation de caméras, en particulier au sein d’un espace domestique ou privé.
Introduire des caméras (de surveillance) dans l’environnement privé peut être questionné d’un point de vue éthique. Leur présence croissante dans notre espace habitable nous a toutefois encouragé à suivre la logique et le questionnement qu’induisait notre projet et d’étendre leur domaine d’action en créant des webcaméras dont le langage formel n’était plus celui d’un petit objet technologique tendant à vouloir devenir invisible, mais devenait celui d’un objet domestique, présent et visible. Ainsi, deux miroirs et une lampe se posant ou se fixant respectivement sur une table, contre un mur et au plafond ont été réalisés. Ces trois types d’objet-caméras permettent d’analyser l’espace depuis différents points de vue (rappelant ainsi les vues « top », « left », « front » des logiciels de création 3d, ou plus simplement la géométrie descriptive de Monge dont ces logiciels sont issus). Certaines caméras deviennent miroirs, jouant ainsi avec le narcissisme potentiel de la (ou les) personne(s) souhaitant être filmée(s) ou photographiée(s), pendant que d’autres s’accrochent au plafond et permettent simultanément d’éclairer la zone qu’elles filment.
Ici encore, les objets développent plusieurs fonctions : leur fonctionnalité première en tant qu’objet (miroir ou lampe), la seconde comme webcaméra domestique équipée d’un micro, puis finalement toutes les autres fonctions associées aux logiciels qui traitent images et/ou son (téléphonie par internet, mémoire visuelle de toutes les images vues par le miroir et stockées dans une base de données, réalité augmentée, analyse de l’espace, interface spatiale, surveillance, etc.), en particulier les logiciels qui ont été créés dans le cadre de ce projet: AiRtoolkit et VTSCframekit."

domingo, 29 de julho de 2007

Beautiful Agony



A partir do post sobre Tristeza Colaborativa e Auto-Retrato, recebi uma dica (obrigada Tiago) de um site na mesma linha dos afetos explícitos na Internet. Trata-se do Beautiful Agony, um site em que as pessoas enviam videos de seus próprios orgasmos, com close apenas no rosto. Além dos videos com os orgasmos, há confissões que os acompanham. Para ver os vídeos é preciso pagar, mas há algumas "amostras grátis" no site.




Impossível não lembrar do conhecido filme de Andy Warhol - Blow Job (1963, 36 min) - em que a câmera permanece todo o tempo em close no rosto do ator que recebe um blow job (felação) suposto ou sugerido pelo título da obra. Trecho do filme no YouTube.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Anonimato na rede - Tor


Acabo de tomar conhecimento de um sistema anônimo de navegação na Internet: o Tor. O sistema é um conjunto de ferramentas que permite navegar, publicar conteúdo, trocar mensagens etc driblando a censura e salvaguardando a privacidade e o anonimato. Em suas palavras:

"Tor pretende defender contra a análise de tráfego, uma forma de vigilância que ameaça o anonimato pessoal e a privacidade, a confidencialidade dos negócios e relacionamentos, e a segurança de estados. As comunicações são enviadas através de uma rede distribuída de servidores chamados onion routers, protegendo-nos de sites Web que constroem perfis com os nossos interesses, pequenos espiões que lêem os nossos dados ou registam que sites visitámos."

O sistema é distribuído como software livre e seus chamados "serviços ocultos" permitem que seus usuários ocultem a sua localização e a sua identidade. E quanto maior for o número de usuários de Tor, maior é a sua eficiência, pois ele os esconde entre muitos outros usuários da rede, distribuindo as transações por diversos pontos na Internet, de modo que nenhum ponto particular pode ser identificado a um destino específico. Assim, quanto mais diversificada for a base de usuários, maior é a garantia de anonimato.

"A ideia é semelhante a usar um caminho sinuoso, difícil de seguir, e periodicamente apagando as nossas pegadas, com o intuito de despistar alguém que nos siga. Em vez de seguirem uma rota directa desde a origem ao destino, os pacotes na rede Tor seguem um caminho aleatório através de diversos servidores, que ocultam a sua passagem, de modo a que nenhum observador, em nenhuma parte do percurso, seja capaz de determinar de onde vêm os dados nem para onde se dirigem."

Conforme consta em seu site, organizações não governamentais, empresas, jornalistas, grupos como Indymedia e grupos ativistas como Electronic Frontier Foundation (EFF) usam e/ou apoiam o Tor como forma de garantir a segurança de seus membros e a liberdade civil. Hoje, uma matéria do Threat Level noticia que extremistas islâmicos usam Tor para propaganda e difusão de instruções terroristas. Um dos diretores do Projeto Tor responde que centenas de milhares de não terroristas utilizam Tor:

"Tor is used widely by some non-jihadists, here and there. Hundreds of thousands of them. I spoke at a global Amnesty International conference last month. Reporters without Borders promotes Tor (Tor btw, not TOR). As does Global Voices OnlineAnd Human Rights WatchNot to mention EFF and such. (...)"

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Tristeza Colaborativa e Auto-retrato



No Écrans-Libération há uma seção intitulada "site du jour" (site do dia), que elege diariamente um site "interessante" de se ver. O de hoje chama-se "I'm too Sad to tell you", um site que reúne auto-retratos de pessoas chorando, enviados pelas próprias. O projeto é declaradamente inspirado no trabalho homônimo do artista holandês Bas Jan Ader, em que este documenta o seu póprio choro silenciosamente diante da câmera num filme de 3,21 mim (1971). Contudo, o resultado do projeto se aproxima mais da imensa série de projetos do mesmo tipo na internet, que põem em obra um exibicionismo colaborativo montando arquivos de auto-retratos em formato 2.0, os quais por sua vez se assemelham aos inúmeros retratos dos perfis pessoais nas redes sociais e afins, ou às sequências de auto-retratos nos fotologs de adolescentes. A especificidade do "I'm too Sad to tell you" consiste em focalizar o choro como matéria do auto-retrato, o que permite vir à tona uma série de tensões entre o descontrole do choro e o controle do ato fotográfico, a espontaneidade e a performance, a autenticidade e o artifício. Mas essas tensões são relativamente dissipadas, talvez pela seriedade do projeto, pela ausência de alguma ironia necessária à sustentação da ambiguidade que esses gestos reunidos potencialmente contêm. Ou não.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Busca on-line e Privacidade

Mecanismos de busca na Internet, como Google, Yahoo e Ask.com vêm anunciando medidas para ampliar a privacidade dos usuários. A Google foi a primeira a anunciar as suas medidas, que são basicamente duas: tornar anônimas as buscas após 18 meses de efetuadas e desabilitar os cookies após 2 anos de inatividade do usuário. Vejam matérias do New York Times e do Search Engine Journal. No ano passado, um lapso grosseiro da AOL tornou público as buscas de inúmeros usuários ao longo de 3 meses. Mesmo sendo estes identificados apenas por números, o lapso mostrou o quanto o registro das buscas ao longo do tempo é revelador de inúmeros aspectos da vida dos usuários, permitindo que se extraia daí uma série de padrões de comportamento, personalidade, interesse etc. Tais dados, como venho mostrando em alguns artigos, são matéria privilegiada da vigilância digital.

domingo, 22 de julho de 2007

Câmeras falantes em São Paulo

Já havia mencionado aqui as novas modalidades de câmeras britânicas que advertem em "alto e bom som" e em tempo real as pessoas flagradas em infrações. No Brasil, duas cidades do estado de São Paulo já adotaram as "câmeras tagarelas" para coibir infrações de trânsito, furtos etc: Piracicaba e São Sebastião.

sábado, 21 de julho de 2007

Câmeras de vigilância no Pelourinho




Andando no Pelourinho (Salvador, BA), me surpreendi ao encontrar uma câmera de vigilância em cada cômodo da primeira igreja em que entrei e resolvi "mapear" um pouco o circuito das câmeras de vigilância no Pelô. Conversando com os guardas locais e checando depois a informação na rede, há, além das inúmeras câmeras de cctv privadas nos estabelecimentos comerciais, centros culturais e igrejas, 12 câmeras sem fio colocadas em pontos "estratégicos" com visão de 360 graus lateral, 270 graus vertical e zoom de até 200 vezes. O projeto de instalação destas 12 câmeras foi realizado numa parceria entre a Safe Segurança Eletrônica, a Comtex e o 18º Batalhão da Polícia Militar. O monitoramento das câmeras é realizado por 19 policiais nas dependências do 18º Batalhão.
No Rio de Janeiro, a mesma Comtex, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, já instalou 220 câmeras do mesmo tipo em diversos pontos da cidade.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Biopolítica do esquecimento

Já não é novidade encontrarmos, entre os feitos da neurociência, pesquisas que revelem os "progressos" em direção a um maior controle da memória. Parte dessas pesquisas investem em meios de produzir o esquecimento voluntário e controlado de "lembranças específicas". Recentemente, a revista Science divulgou pesquisas que apostam no uso futuro de psicofármacos e de terapias cognitivo-comportamentais na supressão de memórias indesejáveis, como as de pacientes que sofrem de estresse pós-traumático. Tais pesquisas revelam que certas drogas (como o propranolol) e certos procedimentos terapêuticos permitem uma espécie de vitória do cortex pré-frontal sobre o hipocampo, possibilitando um maior controle da memória. Mais detalhes sobre a matéria no Tecnology Review. Curiosamente, há no mesmo número uma matéria sobre o desenvolvimento de uma nova qualidade de tinta para criar tatuagens semi-permanentes, mais fáceis de apagar.

Huang Yan “Chinese Shan-Shui”, Tatoo series, Action photograph, 1999

Sabe-se que essa biopolitica do esquecimento convive, em nossa cultura, com uma outra modalidade de gestão da memória, particularmente presente nas atuais práticas de vigilância, onde prevalece uma tendência de registro contínuo e de arquivamento total de informações e traços de diversas ordens em inúmeros bancos de dados. Essa conviência só confirma as relações estreitas e muitas vezes complementares entre as funções do arquivo, da lembrança e do esquecimento. Funções que pertencem à definição, à experiência e à gestão da própria memória. No campo da vigilância, do governo e da política, não nos faltam exemplos de gestão do arquivo e do registro em prol do esquecimento e do apagamento dos traços "indesejáveis", na realidade e na ficção, na vida e na representação. Dois exemplos conhecidos são o apagamento dos adversários do regime stalinista tanto no real quanto nos "retoques" das fotografias que vieram a compor o álbum oficial da revolução, e a novela 1984, de Orwell, em que o Ministério da Verdade, onde trabalha o protagonista Winston, é responsável por falsificar e apagar os dados e documentos do passado que pudessem contradizer as "verdades" do Partido; o incinerador de arquivos do passado se chama, não por acaso, de "Buraco da Memória".
Volto num próximo post às relações entre memória e esquecimento, cada vez mais complexas nos dispositivos de visibilidade e vigilância e no contexto mais amplo da cultura contemporânea.
Uma última palavra, sobre o caráter hipomnésico do arquivo, com Derrida: "diretamente naquilo que permite e condiciona o arquivamento só encontraremos aquilo que expõe à destruição e, na verdade, ameaça de destruição, introduzindo a priori o esquecimento e a arquiviolítica no coração do monumento...O arquivo trabalha sempre a priori contra si mesmo" (Mal de arquivo, p. 23, Relume Dumará, 2001).

domingo, 15 de julho de 2007

Call for Papers - Surveillance & Society

A revista eletrônica Surveillance & Society faz chamada de artigos sobre Vigilância e Desigualdade. Vejam detalhes abaixo ou no link.
O número mais recente da revista é sobre Vigilância e Justiça Criminal e conta com 5 artigos que abordam desde a vigilância somática (uso militar de nanotecnologias, sistemas de monitoramento da saúde e implantes de RFID) às implicações do uso de sistemas de CCTV no controle do crime e à vigilância "olfativa" na detecção de porte de drogas. Neste mesmo número, há ainda uma resenha sobre 3 livros que tratam da produção e do uso de perfis no âmbito da criminologia e da discriminação.


"Call for Papers - Issue 5(4): Surveillance and Inequality
Publication date: December 2007

Deadline for submissions: August 1st 2007

Many domains of social life are being transfigured by new technologies of identification, monitoring, tracking, data analysis, and control. The lived experiences of people subjected to surveillance, however, can vary widely along lines of race, class, gender, sexual orientation, age, and nationality. This can be seen with the enforcement of different types of mobilities for different categories of people, whether at borders, on city streets, or on the Internet. It can also be observed with the increasingly invasive monitoring and discipline of those accessing public services, such as welfare, public education, or healthcare, especially in the U.S. It can be perceived in security-screening and police-profiling practices, which continue to rely upon racial markers of “risk.” Or inequality can be found in the uneven treatment of individuals by insurance providers, credit agencies, service centers, or other commercial entities. Regardless of the domain, new surveillance systems appear to amplify existing social inequalities and establish rationales for increased control of marginalized groups in societies.

The journal Surveillance & Society is seeking papers that examine issues of surveillance and inequality. The editors are especially interested in research papers that address the differential effects of surveillance upon marginalized and privileged social groups. Whereas surveillance studies inquiry often begins with technology as a starting point for analysis, we welcome papers that start with descriptions of power relations in any social settings and then move to illustrate the role of surveillance technologies or practices in the regulation of those settings. We further encourage contributions that theorize the relationship of the political economy to surveillance and inequality, whether by attending to globalization processes, neoliberal policies, or military operations. Finally, we are also quite interested in papers that seek to demonstrate or theorize the empowering potential of surveillance systems to correct social inequalities.

Possible rs could investigate the role of surveillance in:

    The regulation of gender or status relations in places of employment.

    Socio-spatial segregation in cities, suburbs, exurbs, or rural communities.

    The restructuring or elimination of public programs and spaces (or citizen rights) by neoliberal policies – which could include a focus on schools, welfare, healthcare, voting, etc.

    Racial or ethnic profiling by police, security personnel, or immigration agents.

    The automatic prioritizing of services, rights, and mobilities in software-sorted service domains.

    The control of women’s bodies, especially in regard to reproduction.

    Monitoring of children or the elderly – or the monitoring of those charged with taking care of them."

terça-feira, 10 de julho de 2007

Vigilância participativa??

Intervenção de Eric Gordon na Lista do iDC [Institute for Distributed Creativity] discute o quanto o uso de ferramentas participativas e de tecnologoias "web 2.0" em comunidades e redes sociais geograficamente conectadas, bem como no governo de cidades, pode gerar dados valiosos que sirvam à vigilância.
Reproduzo a intervenção na íntegra e indico link com respostas de Lucas Bambozzi e Sergio Tisselli (http://www.zexe.net) à provocação de Gordon.

[iDC] city as social network

ERICK GORDON
"Hi everyone.  My name is Eric Gordon – I’ve been watching this list 
for some time but I’ve made only a few contributions. Perhaps as a
means of forcing my involvement, Trebor has asked me to moderate a
discussion on the topic that has lately occupied most of my time –
place-based social media and its implications for privacy, public
space, and democratic engagement. Following the recent conversation
about Feedburner, I want to consider how that discussion might extend
to physical communities (neighborhood, organization, city) that are
enabled/bolstered/fortified by social web media. Many community
groups and neighborhood organizations are using digital networking
technologies to foster community interaction (http://
www.ibrattleboro.com/). And of course, what is widely known as
citizen journalism plays into this as well – placebloggers (http://
placebloggers.com) and Community Media organizations tend towards
hyperlocal networked content (http://www.cctvcambridge.org/) with an
aim towards reinforcing existing geographical connections. The
processes that bind non-geographical communities in networks are
similar to those that are binding geographical communities – shared
interests, practices, goals, etc. However, unlike traditional
online communities that have a basis in anonymity, digitally
annotated physical communities often rely on the full disclosure of
identity for their functionality. For instance, when it comes to
neighborhood issues – it is important to know one’s real name and
location.

And as city governments are seeking ways to adopt “web 2.0”
technologies into their existing “citizen management” projects, the
lack of anonymity and the simple traceability of social actions open
up new concerns. Social media tools have the capacity to
significantly expand participation in local governance, but they also
have the capacity to trace citizen behavior and map social trends.
Cities are interested in this technology for the same reason that
corporations are – it offers valuable user data. Politicians can
survey the concerns of their constituency; agencies can identify
problems in neighborhoods; and law enforcement…well, there are many
scenarios possible. It can also be turned around: citizens can have
greater access to their politicians, and government proceedings can
at least have the impression of transparency.

While the conversations on this list have devoted considerable time
to corporate surveillance, the question not often asked in this
context is what should be made of local surveillance – from the
people in one’s neighborhood to city governments? In the wake of
connectivity, discourse and collaboration, there is always
documentation, processing and interpretation. From neighborhood
chatrooms to local annotated mapping projects to virtual town hall
meetings, participation equals surveillance – for better or for worse.

When I consider a digital future in which I want to live – it
includes networked access to my neighborhood services, communities,
city government and public spaces. However, there is little
possibility for that to take place outside of the proliferation of
data that would make communities vulnerable to excessive internal and
external management. And as citywide wifi and mobile web devices
proliferate, the outlets for that recycled data expand. At the same
time, American cities, like corporations, are glomming onto digital
media because of its populist resonances. They are paying attention
to online neighborhoods and seeking to aggregate that data into
meaningful information. The ideology of digital media – as evidenced
in the phrases “participatory media” and “user-generated content” –
is accessibility. Digital media directly aligns the rhetoric of
progress with the rhetoric of populism. Social web media makes
explicit what has only been implied in the recent rhetoric of city
governments – that anyone, regardless of social position, can
participate in the ordering of city experience and politics.

From cities to towns to neighborhoods, the populist promise of
social web media is transforming the nature of public space and civic
participation. I am referring only to the American context, because
that’s what I know, but it would be great to engage in comparative
dialogue in order to better understand the scope of how these
technologies are being implemented in official or unofficial
capacities to change perceptions of cities and city life, not to
mention public space and community engagement.

I suppose I’ll leave it at that for now. I look forward to the
conversation.

Eric"

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Videovigilância.FR

Esse post vem do Carnet de Notes - no Le Monde, uma série de matérias sobre a expansão da videovigilância na França:
"Le président Nicolas Sarkozy a annoncé, dimanche 8 juillet, dans un entretien au Journal du dimanche avoir demandé au ministre de l'intérieur, Michèle Alliot-Marie, "de réfléchir à un vaste plan d'installation de caméras dans nos réseaux de transports en commun" pour combattre la menace terroriste. "Il y a 25 millions de caméras au Royaume-Uni, 1 million en France. Je suis très impressionné par l'efficacité de la police britannique grâce à ce réseau de caméras", a-t-il dit [...]"

"[...] La Commission alerte sur la généralisation de trois dispositifs : la vidéosurveillance, la biométrie et la géolocalisation. Elle a reçu 880 déclarations de mise en place de systèmes de vidéosurveillance en 2006, après 300 en 2005. Les techniques se sont perfectionnées, proposant jusqu'au comptage des clients entrant et sortant des magasins ou la détection de colis abandonnés. Face à la vague de législation antiterroriste, il appartient à la CNIL "d'éviter les pièges, dénoncer les illusions et combattre les mythes", pense Alex Türk, qui entend "provoquer une prise de conscience collective [...]" .

"La vidéosurveillance et les Hauts-de-Seine ? Une vieille et longue histoire qui remonte au début des années 1980 lorsque Patrick Balkany, alors maire RPR de Levallois-Perret, provoqua une tempête en annonçant qu'il allait faire surveiller les rues de sa ville par des caméras. Une décision qui déchaîna manifestations et pétitions et amena à la saisine de la Commission nationale de l'informatique et des libertés (CNIL) [...]".

Há ainda um video - Lyon, ville pionnière de la vidéosurveillance en France e um depoimento, disponível em audio, de Eric Heilmann, maître de conférence em Ciências da informação e da comunicação na Universidade Louis-Pasteur de Strasbourg.


domingo, 8 de julho de 2007

Arte e contra-vigilância

Na exposição do Royal College of Art, Londres, trabalho de Miquel Mora cria um sistema de proteção da identidade visual (IDPS - Identity Protection System) frente a câmeras de vigilância: stickers que podem ser colados em roupas, acessórios etc "borram" a imagem de vídeo, impedindo a identificação. A matéria é do we make money not art:

"With IDPS (IDentity Protection System), interaction designer Miquel Mora is proposing a new way to protect our visual identity from the invasion of ubiquitous surveillance cameras. He had a heap of green stickers that could stick to your jacket. Or anywhere else. The sticker blurred your image on the video screen.
"With the IDPS project I wanted to sparkle debate about all the issues related to identity privacy," explains Miquel. "Make people think about how our society has become a complete surveillance machine. Our identities have already been stored as data in many servers ready to be tracked. And our self image is our last resort. So we really need tools to protect our privacy. We need tools that can allow us to hide or reveal our visual image. We must have the control over it."


Abaixo, alguns trabalhos mais antigos no mesmo espírito "sousveillance" das táticas de "desaparição":

Mapas anti-câmeras - i-SEE:

"iSee is a web-based application charting the locations of closed-circuit television (CCTV) surveillance cameras in urban environments. With iSee, users can find routes that avoid these cameras -­ paths of least surveillance -­ allowing them to walk around their cities without fear of being "caught on tape" by unregulated security monitors."


How to Disappear KIT


"The How to Disappear kit is a counter-reaction to the ever increasing surveillance of citizens. Packaged in anonymous video cassette cases, the DIY kit contains a selection of "disappearance-articles" along with usage instructions, a catalogue with gadgets and tips, and information on the subject.
The aim of the project is not to invite people to disappear, but to take part in the debate and demand the respect for their own private life.
The "How to disappera kit" was part of a series of concepts by 3rd and 4th year students of Graphic Design and Interactive Media. Bearing the title Surveillance DK:UK, the projects attempted to exemplify the nature of surveillance in Denmark and London."


Vexed Generation

"Going back in 1995: London-based designers Vexed Generation created the Vexed Parka to comment on the escalation of CCTV surveillance in London in the 90s. It features a hood and collar that closes over the mouth and nose, but leaving the eye area open."


Invisible Suits


"Invisible Suits are interactive suits made from special blue screen fabric (material used for work with video blue screen technique), where the blue color could be displaced by images or video footage. The intended effect is the virtual "disappearance" of the persons wearing the suits: their bodies merge with the visual environment they inhabit. The effect is achieved by the use of two cameras: one mounted on the person wearing the blue suit, and another one shooting h/er from behind.
These suits allow me to explore issues of silence and absence, integration and estrangement in different political and cultural environments. While drawing from theoretical concepts like the "invisible immigrant" and the double consciousness, through this work I am also exploring the space between the objective and subjective points of view.
"

Counter-Surveillance Headdress:

"After the Sept. 11th 2001, trade center incident surveillance in New York City and in the United States in general, increased dramatically. We are at a point today where it is difficult be present anywhere without our image being captured by some camera or our presence being tracked or documented in some way. Although to some extent this is necessary to ensure security, on the other hand it infringes on a person’s right to privacy. The purpose of the “Counter-Surveillance Headdress” is to empower the wearer by allowing him/her to claim a moment of privacy.
The “Counter-Surveillance Headdress” is a laser tikka (forehead ornament) attached to a hooded vest and reflective shawl. The laser is activated by pressing a button enclosed in the left shoulder area of the vest. When pointed directly into a camera lens, the laser creates a burst of light masking the wearer’s face. Additionally the wearer can use the reflective cloth to cover the face and head. The aluminized material protects the wearer by reflecting any infrared radiation and also disguises the wearer by visually reflecting the surroundings, rendering the wearer’s identity anonymous."

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cartografias informacionais

A crescente massa de dados que as redes e sistemas informacionais vem produzindo é certamente uma das vias privilegiadas de "registro" e "inscrição" do que nosso tempo e nossa cultura vem fabricando em diversos domínios - social, político, estético, afetivo etc. Um dos problemas enfrentados por aqueles que pretendem tomar essa rica e volumosa massa de dados como "objeto" de apreciação, pesquisa, experimentação ou simples interesse é a dificuldade em visualizá-la de forma minimamente ordenada e diferenciada. Respondendo a isso, inúmeros esforços cartográficos vem se dando nesse domínio, contruindo cartografias informacionais, mapas de nossa cultura infoormacional. Cito alguns exemplos interessantes, retirados do ótimo sítio para os amantes de mapas e sistemas de visualização de dados - o information aesthetics.


" a collection of data visualization methods that reveal the specific characteristics of communications between Usenet newsgroups members. the visual analysis focuses on distinguishing "signatures of role", such as identifying so-called "answer people", individuals whose dominant behavior is to respond to questions posed by other users.
for instance, the "authorlines" visualization represents the volume of contributions for a single author across a year. each vertical strip represents one week. each circle represents a thread in which the actor participated during this week. red circles represent threads initiated by the selected author, while blue circles indicate threads initiated by someone else that were replied to by the selected author. the diameter of a circle represents the number of messages posted by author to that thread during that week."

" a new interactive search visualization tool that enables users to compare the search results from web, image, video, blog, tagging, news engines or RSS feeds sources. a "crystal" consists of the overlapping results from different search engines (e.g. Google, Yahoo, MSN, Ask, Wisenut, ...). the "categorization" view represents the overlap by different icons whose shapes & colors encode all the different combinations possible. the "cluster" view display overlap by circular distance from the center. the "spiral" view places all the found items along an expanding spiral.
as a unique feature, people can embed searchCrystal as a fully interactive widget on websites or blogs to share personalized crystals."


" a collection of data visualizations illustrating the monthly lists of the 100 most visited Wikipedia pages between September 2006 & January 2007. it is shown that almost 40 percent of a month’s top 100 pages are visited in all 5 months, whereas 25 percent are highly visited only in a single month.
in "category view", circular icons with colored sectors indicate which specific lists contain the same page, & their size indicates how many pages are contained in a specific combination of lists. in "cluster view", star–shaped icons at the periphery act like “magnets” that pull a page icon toward them based on the page’s list positions. in "spiral view", all pages are placed sequentially along an expanding spiral."


"an interesting research project which explores how one can make use of the real-time biological information of the human body. several wearers record their Galvanic Skin Response (GSR) (a simple indicator of emotional arousal) in conjunction with their geographical location. this is used to plot a map that highlights points of high & low arousal, & visualizes where people feel stressed or excited.
the Greenwich Emotion Map project attempts to invent new visualization strategies to represent this data in the context of neighborhoods & communities.
see also bio-responsive server & coca-cola world chill map & gps drawing."

domingo, 1 de julho de 2007

Google Street View

O e-mail de um amigo me chamou a atenção para essa nova engenhoca do Google. Há cerca de um mês, o Google Maps lançou um novo serviço - o Street View - que disponibiliza imagens no nível da rua com um panorama de 360 graus, vários níveis de zoom e boa resolução. O serviço está disponível para as cidades de São Francisco, Denver, Nova Iorque, Las Vegas e Miami. Se o Google Earth já impressionava pela amplitude e alcance das imagens de satélite, que de algum modo simulam uma perspectiva de sobrevôo e onividente, mas relativamente pobre em detalhes, o Street View põe em jogo uma perspectiva do pedestre e do passante permitindo, pelo comando do zoom, um voyeurismo controlado sobre a imagem, bem mais nítida em detalhes.

Desde o lançamento do serviço, já são inúmeros os protestos em defesa da privacidade, bem como os sites que brincam de coletar e disponibilizar os "flagrantes" capturados inadvertidamente pelas câmeras do "Street View Car". Estes "flagrantes" são mais um exemplo de como a vigilância se torna uma prática cada vez mais banal na cultura contemporânea, exercida por qualquer um sobre qualquer outro, com propósitos diversos, do entretenimento ao controle. Neste caso, conjuga-se um olhar policial (como diz Ilana Feldman) a uma postura jornalística e infanto-juvenil, à procura de flagrantes risíveis, curiosos, constrangedores ou picantes. A graça da brincadeira é descobrir na imagem detalhes casualmente e involuntariamente capturados. A velha mistura de voyeurismo e vigilância, de policial e libidinal se atualiza aqui num curioso regime de atenção e observação da cena urbana, em que o campo perceptivo é a própria imagem.

Vejam algumas matérias no Le Monde, no Boing Boing e no Timesonline.
Alguns sites com imagens flagrantes extraídas do Street View: Streetviewr.com; Geo-trotter.com; Threat Level - Wired.