domingo, 29 de abril de 2007

Hipocondria 2.0


O site WhoIsSick reúne alguns vetores do cuidado de si na cultura contemporânea e do impulso colaborativo no ciberespaço. Usando o Google Maps, o site permite que os usuários possam localizar geograficamente informações sobre doenças e doentes, além de postar, discutir e trocar informações sobre doenças, sintomas e prognósticos. Um dos objetivos é possibilitar melhor rastreamento e previsão sobre a propagação de doenças. Eis um bom exemplo da individualização dos cuidados com a saúde, da cultura do risco e da previsão, bem como das cartografias híbridas, as quais cruzam o espaço geográfico, o espaço informacional e, neste caso, espaços/estados corporais, tudo isso no seio do espírito colaborativo da web 2.0. Inevitável imaginar esse mapa como o paraíso dos hipocondríacos, empenhados em evitar regiões, trajetos, ruas e pessoas potencioalmente patogênicas.
A dica do WhoIsSick veio do information aesthetics, ótimo para interessados e amantes de mapas, gráficos e demais dispositivos de visualização de dados.

CiberIdea 2007



O CiberIdea - Núcleo de pesquisa em tecnologias da comunicação, cultura e subjetividade, coordenado por mim, Henrique Antoun e Paulo Vaz, retoma os seus seminários públicos em 2007. O tema deste semestre é A Subjetivação Após Foucault. Vejam a programação abaixo. Num próximo post divulgo mais detalhes do próximo seminário de 09/05.

18/04 - As Técnicas da Formação do Sujeito (Henrique Antoun)

09/05 - Governo e Subjetivação (Henrique Antoun)


30/05 - Dispositivo, Visibilidade e Subjetivação (Fernanda Bruno)

06/06 - Imoralidade e Perigo: da Norma ao Risco (Paulo Vaz)

20/06 - Imoralidade e Perigo: da Norma ao Risco (Paulo Vaz)

Local: ECO-UFRJ, sala 132, 18h (sempre às quartas-feiras)


WWW 2007

Acontece no início deste mês de maio a WWW2007 (16th International World Wide Web Conference) em Alberta, Canada. Os papers apresentados estão disponíveis e seleciono abaixo alguns sobre mineração de dados (data mining) e cartografias diversas da WWW. Os papers são bastante técnicos, mas úteis.
Para uma análise dos procedimentos cartográficos e taxonômicos no ciberespaço e uma reflexão sobre o monitoramento das ações dos usuários no ciberespaço e a elaboração de bancos de dados, perfis computacionais, previsão de comportamentos e produção de identidades, ver meus artigos:

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Olho de fora

Reencontro no networked performance a referência a uma instalação que destaca a visão do participante do seu olho próprio, que passa a ver segundo a perspectiva de uma câmera sem fio que flutua acima dele. O Floating Eye (2001), de Hiroo Iwata, foi um dos projetos mencionados por Mashiko Kusahara em conferência proferida recentemente Symposium do FILE Rio/2007. Segue trecho do networket performance:
"[...] (photo by Saxinger) Floating Eye (2001), by Hiroo Iwata (VRlab), is an interactive installation that separates vision from the body. The participant can only see wide-angle image floating in the air. The image is captured by a wireless camera attached to an airship, pulled along by the user. The participants can see themselves from above, along with the surrounding area.
A large helmet provides the immersive experience. This helmet contains a convex mirror, with a projector mounted at the rear, so the image takes up the users whole field of view. The movie belows shows how this works. Movie (10mb mpeg) More images and video."

Ainda no tópico Alternate Perspectives, um outro projeto que lembra as experiências com Realidade Virtual que se passam no filme de ficção-científica Estranhos Prazeres (Strange Days), de Kathryn Bigelow (1995):

"(photo:Kurokawa Mikio) The Inter Dis-Communication Machine (1993), by Hachiya Kazuhiko, lets two participants see things from the other persons perspective. The site states “the concept to make it possible to kiss or to make love with the partner while keeping the machines on”".

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Big Brother Virtual

A empresa Endemol (criadora do reality show Big Brother) vai lançar o Virtual Me, hibridando games e televisão, em parceria com a Electronic Arts. A matéria é da BBC News:

"Big Brother maker Endemol is to launch a virtual world where people can take part in familiar games and shows.

Three dimensional worlds such as Second Life, which allow people to create online versions of themselves, have built up a large following.

Virtual Me will allow these avatars to compete in online versions of Deal or No Deal, Fame Academy and Big Brother.

Endemol and computer game company Electronic Arts said the site would be launched "in the coming months".

Bosses at the two firms said it was a concept that bridged the divide between traditional TV and video games.

"With Virtual Me we are at the forefront of a new, hybrid form of entertainment that takes gaming beyond the console," said Gerhard Florin, Executive Vice President and General Manager of EA International.

"Endemol is a great partner to help us bring together the best of TV and video games for an offering that can appeal to mass market audiences and change the face of entertainment." "

domingo, 15 de abril de 2007

Urban interface

A exposição Urban Interface, que acontece esse ano em Berlin e Oslo, explora os novos cruzamentos entre o público e o privado no espaço urbano, especialmente aqueles propiciados pelo uso cotidiano das tecnologias de comunicação.
Destaco o trabalho Exposure, de Jussi Ängeslevä (FI) and Richard The (DE), que trata da emergência do "Panóptico participatório" e do "Little Brother", constituídos pelos olhos onipresentes e ubíquos das câmeras digitais espraiadas no espaço urbano:

"Exposure is a spatial art installation combining smart materials, simple sensor electronics and poster design to weave micro narratives for the unsuspecting public as they navigate through the urban landscape. An array of unobtrusive, monochromatic posters is arranged along a segment of a passageway. Adjacent to the individual posters a light gate is watching when a pedestrian passes by the poster. The light gate is connected to a tele-objective camera flash and triggers it, casting the person’s shadow momentarily on the poster. The poster, being covered with fluorescent ink, captures the shadows and retains the glowing silhouette, becoming an integrated element of the poster’s graphics which gradually fade away. The work can be seen as a commentary and counter-reaction to the established disempowerment of the individual. Above and beyond the exhausted Big Brother discourse, Exposure takes a stand also on the new emergent "Participatory Panopticon", or "Little Brother", the ever present prying eye of the neighbours’ ubiquitous camera equipped digital device".

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Câmeras falantes

Na Inglaterra, câmeras de CCTV não apenas "vêem" e registram, como também "falam", advertindo indivíduos flagrados em "comportamento anti-sociais". Vejam video, exemplo da câmera em funcionamento e trecho da matéria da BBC News:


BBC News - Wednesday, 4 April 2007 - www.bbc.co.uk

"Talking" CCTV cameras that tell off people dropping litter or committing anti-social behaviour are to be extended to 20 areas across England.
They are already used in Middlesbrough where people seen misbehaving can be told to stop via a loudspeaker, controlled by control centre staff.
About £500,000 will be spent adding speaker facilities to existing cameras.
Shadow home affairs minister James Brokenshire said the government should be "very careful" over the cameras.
Home Secretary John Reid told BBC News there would be some people, "in the minority who will be more concerned about what they claim are civil liberties intrusions".
"But the vast majority of people find that their life is more upset by people who make their life a misery in the inner cities because they can't go out and feel safe and secure in a healthy, clean environment because of a minority of people," he added.
The talking cameras did not constitute "secret surveillance", he said.
"It's very public, it's interactive."
Competitions would also be held at schools in many of the areas for children to become the voice of the cameras, Mr Reid said.
Downing Street's "respect tsar", Louise Casey, said the cameras "nipped problems in the bud" and reduced bureaucracy.
"

domingo, 8 de abril de 2007

Relatório sobre Privacidade e Vigilância

Os dilemas da privacidade e da vigilância são abordados no recente relatório "Dilemmas of Privacy and Surveillance: Challenges of Technological Change" (março/2007), disponível na Royal Academic of Engineering. O relatório é constituído de três partes - tecnologia, privacidade e confiança - e adota uma perspectiva multi-disciplinar no tratamento dos temas.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Patrick Baudry e Henri-Pierre Jeudy no Rio

Para quem está no Rio de Janeiro, duas conferências interessantes nesse início de abril, ambas promovidas pelo Grupo ETHOS - PósECO/UFRJ. No dia 09 de abril, Patrick Baudry apresenta a conferência Da imagem às imagens às 09:30 (Auditório do CFCH - 2 andar - Praia Vermelha) e Henry-Pierre Jeudy fala sobre Corpo e Cidade às 14h (Auditório da CPM - Praia Vermelha). Palestras em francês e entrada livre. Vejam cartazes abaixo:


VI Bienal Iberoamericana de Comunicación


Está aberto o período de envio de trabalho para a VI Bienal Iberoamericana de Comunicación, a ser realizada de 26 a 27 de setembro em Córdoba, Argentina. "Comunicação e Cibercultura" e "Comunicação, identidade e subjetividade" são duas das 26 mesas de trabalho que integram a Bienal. Mais informações aqui.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Imagens amadoras

Ainda sobre as imagens amadoras, recomendo a leitura do artigo de André Brasil e Cezar Migliorin, publicado na Revista Cinética. O artigo trata de duas das imagens amadoras mais célebres por aqui no ano de 2006, e seu título diz do que se trata - Saddam e Ciccarelli: nossas imagens.

domingo, 1 de abril de 2007

Manifeste-se e Revista Global



Há alguns dias tomei conhecimento, através de uma lista de discussão, do projeto Manifeste-se! Trata-se de uma intervenção nas ruas de São Paulo que permite aos passantes se manifestarem, ao vivo, em webtv, do modo que desejarem. Os video-manifestos são exibidos na Internet e há desde declarações de amor a protestos políticos e performances artísticas. O projeto, cujo subtítulo é “todo mundo artista”, me chamou a atenção pelo ‘diálogo’ que estabelece com a produção audiovisual contemporânea. Os video-manifestos situam-se numa zona instável e em movimento: entre o reality-show, “o povo na tv”, o Youtube, a pegadinha, a propaganda eleitoral, a intervenção urbana de cunho artístico e político. Mais um elemento para pensar na profusão de imagens amadoras e na “paixão pelo real” que as atravessa, na sua migração contínua de um suporte a outro, de um domínio a outro, no curto circuito midiático-artístico-comercial por que passa a produção audiovisual contemporânea.

Recentemente, num texto em parceria com Consuelo Lins, ensaiamos algumas idéias nessa matéria, focando as imagens e estéticas da vigilância e a sua livre circulação no mundo contemporâneo: “dos aparatos policiais aos flagrantes sexuais de celebridades em praias paradisíacas, do entretenimento à arte, das revistas de fofoca locais às conexões globais da Internet”. Notamos, entre outras coisas, que “vigilância e espetáculo se entrecruzam e, tanto em um quanto em outro, podemos reconhecer não apenas um método de controle, mas um repertório cultural multifacetado. Uma câmera pode muito bem ser um índice de segurança e/ou de ameaça, de censura e/ou de exibicionismo, de controle e/ou de prazer". O texto foi publicado na Revista GLOBAL Brasil (número 7) e em breve será disponibilizado nesse blog. Esse mais recente número da GLOBAL pode ser encontrado nas bancas e conta com outros artigos interessantes, assinados por Fabio Malini, Peter Pál Pelbart, Antonio Negri, Claudio Manoel e Adriana Prates, entre outros.