Amanhã, na Universidade de Buenos Aires (Faculdade de Ciências Sociais), retomo numa conferência um tema que persigo há alguns anos:
Estéticas da Vigilância: arte, tecnologia e política. Coordenadas aqui.
RESUMO:
Que
estéticas da vigilância podem emergir quando o objeto do olhar vigilante se
torna simultaneamente gigantesco e vestigial? Uma parte expressiva das
tecnologias de vigilância hoje alimentam-se dos rastros de nossas ações no
espaço informacional ou dos rastros de nossos corpos deixados nas câmeras,
sensores, radares e aparatos similares de captura de nossa imagem ou de nossa presença.
Esses rastros e vestígios são capturados em imensas escalas, gerando arquivos
de grandezas inéditas, da ordem de zetabytes de dados. Como ler, ver, analisar
e controlar esse volume de rastros, os quais ultrapassam as capacidades humanas
de apreensão sensorial e cognitiva? Como vigiar um “hiper-objeto”? Que agenciamentos
homem-socius-máquina são aí produzidos?
Este
primeiro conjunto de questões será explorado na leitura de práticas artísticas
contemporâneas que tornam ao mesmo tempo sensíveis e perturbadores tais
processos em curso nos atuais dispositivos de vigilância. Desdobra-se, daí, um segundo
conjunto de questões vinculado a dois tipos de táticas de (in)visibilidade:
aquelas que inventam formas de apagamento, desaparição ou trucagem dos rastros
para escapar dos aparatos de vigilância, e aquelas que buscam tornar visíveis e
legíveis os mecanismos, cada vez mais discretos, que nos monitoram e rastreiam
cotidianamente. Privilegiaremos as táticas de (in)visibilidade engendradas por
trabalhos artísticos recentes que tematizam ou se apropriam de drones e de diversos tipos de algoritmo
presentes nos chamados dispositivos de ‘vigilância inteligente’ (smart surveillance).