Políticas e retóricas securitárias são efetivamente centrais na lógica dos governos contemporâneos, especialmente os europeus e norte-americanos. Sarkozy, na França, é um dos representantes mais eloquentes desta lógica, o que é claramente presente na agenda midiática e no cotidiano da cidade de Paris, em que são regulares, ao menos há seis meses (tempo que estou aqui), fechamentos de estações de metrô e monumentos de visitação pública sob ameaça ou suspeita de atentados terroristas. Além do fantasma do terrorismo, as políticas securitárias francesas são também claramente orientadas a populações imigrantes indesejáveis, associadas a uma periculosidade social e a uma delinquência potencial que seria preciso de algum modo combater ou conter. Atravessando tacitamente todo esse discurso "de superfície", há profusas e íntimas alianças entre o fluxo de investimentos financeiros-capitalísticos e a indústria da (in)segurança (conforme grafia proposta por Didier Bigo). O plano de vídeo-vigilância para a cidade de Paris é um dos produtos recentes dessa aliança.
O plano de vídeo-proteção, como é usualmente chamado na língua administrativa, prevê a instalação de 1000 ou 1302 câmeras (há controvérsias) na capital até 2012. É possível ver a lista dos locais de instalação das câmeras nesta matéria ou neste mapa publicado pela Owni, facilitando a visualização da geolocalização das câmeras e do seu "espectro" de monitoramento a partir do Google Street View. Um outro mapa também foi disponibilizado pela megalopolismag.com. Os argumentos são os mesmos, recorrentes na Europa e América do Norte: combate ao terrorismo, proteção da população a parir dos efeitos dissuasivo e preventivo das câmeras, produção de evidências para solução de crimes e delinquências. Enquanto a produção de provas post facto é, do ponto de vista da eficiência do dispositivo, um argumento supostamente plausível, segundo pesquisas, nada menos evidente que a proteção da população e o combate ao terrorismo sejam efetivamente facilitados pela vídeo-vgilância dos espaços públicos. Remanejamentos orçamentários, contudo, parecem ser uma das motivações não explícitas da empreitada, conforme esta matéria. Assim como os saldos positivos da indústria da (in)segurança, como mostra este artigo sobre a alta rentabilidade do mercado da vídeo-vigilância na França, dede os anos 1990.
O plano de vídeo-proteção, como é usualmente chamado na língua administrativa, prevê a instalação de 1000 ou 1302 câmeras (há controvérsias) na capital até 2012. É possível ver a lista dos locais de instalação das câmeras nesta matéria ou neste mapa publicado pela Owni, facilitando a visualização da geolocalização das câmeras e do seu "espectro" de monitoramento a partir do Google Street View. Um outro mapa também foi disponibilizado pela megalopolismag.com. Os argumentos são os mesmos, recorrentes na Europa e América do Norte: combate ao terrorismo, proteção da população a parir dos efeitos dissuasivo e preventivo das câmeras, produção de evidências para solução de crimes e delinquências. Enquanto a produção de provas post facto é, do ponto de vista da eficiência do dispositivo, um argumento supostamente plausível, segundo pesquisas, nada menos evidente que a proteção da população e o combate ao terrorismo sejam efetivamente facilitados pela vídeo-vgilância dos espaços públicos. Remanejamentos orçamentários, contudo, parecem ser uma das motivações não explícitas da empreitada, conforme esta matéria. Assim como os saldos positivos da indústria da (in)segurança, como mostra este artigo sobre a alta rentabilidade do mercado da vídeo-vigilância na França, dede os anos 1990.