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Um dos dispositivos mais interessantes e inquietantes de visualização do
espço urbano, o
Google Street View, inicia as suas
atividades no Brasil, fotografando as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Já
escrevi brevemente sobre o dispositivo, explorando um de seus usos, que despontou logo após o seu lançamento em sites na Internet que publicavam flagrantes casualmente
flagrados pelas
câmeras da Google, mas cuidadosamente encontrados pelos seus 'usuários' por meio de um
voyeurismo controlado sobre a imagem, realizando um
striptease do espaço urbano.
Mais recentemente, na minha fala no
Colóquio Internacional sobre Cinema, Percepção e Tecnologia, apresentei o que até então vi como uma das apropriações mais interessantes do dispositivo. Trata-se do
Street With a View, um trabalho de dois artistas de
Pittsburgh que, ao saberem que a Google iria fotografar a cidade, convidaram os moradores a encenar uma performance para ser registrada e visualizada no Google
Street View. Rasteira aguda e bem humorada no que pode haver de vigilante e
voyeurístico no dispositivo, e também no
impluso participativo que vemos se fazer cada vez mais presente na vigilância
contemporânea. Entrando no dispositivo pela porta dos fundos, a cidade reinventa um regime de visibilidade e
injeta na funcionalidade do Google
Streat View um
ready made urbano, entre o real e o ficcional.